Tenho
recebido muitas mensagens de amigos, amigas e de internautas que pela
capacidade interativa das redes sociais sequer tenho contato físico, mas
dialogamos constantemente mediante os textos que escrevo e publico no blog
Negro Nicolau, para falar acerca desse tema que tem se tornado muito comentado
nos últimos dias.
Devo
considerar alguns pontos para falar:
1
- Muitos têm associado à prática da vaquejada com esporte para se posicionarem
contrário a decisão recente do STF. Para contrapor os argumentos, afirmo que
não percebo essa prática como esporte. Esporte é toda e qualquer atividade individual ou coletiva que proporcione exercício físico objetivando a busca
pela saúde corporal e mental. Isto posto, não há como inserir a derrubada de
animais nessa prática, visto que para tal feito é necessário que todos os seus
participantes obtenham a saúde. Os bois e vacas são apenas maltratados/as,
vindo a morrerem em decorrência disso.
2
- Outros e não são poucos, afirmam reconhecerem como cultura. Usarei aqui,
embora com riscos de cometer alguns desencontros, os termos empregado na
antropologia, na sociologia, na filosofia e na história. Cada uma com suas
particularidades, mas com pontos em comum. Cultura é, pois, atos de
humanização. É o cuidado com sigo e com os outros. Entenda o outro como sujeito
de direito (seja ele o humano ou animais irracionais). É pela cultura que nos
tornamos homem. É ainda informação, símbolo e que, portanto, se constitui
resultado das diversas maneiras como os grupos humanos foram sanando seus
problemas. Seria ainda um conjunto complexo de crenças, desejos, artes, costumes,
leis. Estaria também associado a ética e a moral que a sociedade cria e recria.
Ela dá sentido a vida. Desta feita, não vejo onde a exposição errônea, os
sacrifícios e os maus-tratos tantos dos bois e vacas quanto dos cavalos possa ser colocada como algo cultural. A barbárie não é cultura. Crime não é esporte.
Animais racionais devem agir como tal.
3
- A vaquejada é comércio, é lucro, é fonte de renda para muitas pessoas, é
profissão. Esse é outro argumento frequentemente usado. E dai? A política
partidária também é vista pela grande maioria como profissão e, portanto, como
fonte de renda. Muitos quando não mais conseguem se reelegerem praticamente
ficam a míngua, pois não encontraram outra forma de sobrevivência. E tudo à
custa do povo. Portanto, se isso é visto como um erro, a vaquejada entendida
por esse viés também o é, pois os vaqueiros conseguem os benefícios em
detrimento do sofrimento e das mortes de animais.
Por fim,
a vaquejada sempre foi crime. O fato é que somente agora o STF reconheceu como
tal.
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A vaqueja não é esporte. Não é cultura. É crime. Foto: Divulgação. |