A
grande imprensa golpista, como todos já sabem, esqueceu completamente de
monitorar os gastos federais com publicidade. Durante a era Lula, a mesma
imprensa passava o pente fino, todos os meses, na publicidade federal, caçando
investimentos na mídia alternativa.
Cabia
à Folha, em particular, este triste papel, sempre tentando produzir
sensacionalismo com as migalhas que o então governo, acuado pela própria mídia,
investia em alguns veículos “não-alinhados” à narrativa golpista. Chegava a ser
quase engraçado. Os jornalistas descobriam que os governos Lula e Dilma tinham
torrado bilhões de reais na Globo, mas a manchete era sempre para as verbas
mixurucas que iam para um grupo reduzido de blogs, desde sempre estigmatizados
como “pró-PT” (a mídia tucana jamais chamaria a si mesma de “mídia anti-PT”, ou
mídia pró-PSDB”).
Assim
que houve o golpe, a primeira medida do governo Temer foi cancelar qualquer
verba de publicidade destinada à mídia alternativa. A ilegalidade não incomodou
os cavalheiros do STF, nem o Ministério Público, até porque cabe a mídia
alternativa o papel de fazer a crítica à meganhagem entranhada nas instituições
do sistema de justiça.
Folha,
Globo e Estadão publicavam e republicavam a decisão de Temer de criar uma
“lista negra”: a partir de então, somente os grandes veículos passaram a
receber recursos federais.
Uma
pesquisa feita hoje pelo Cafezinho junto ao banco de dados da Secom, cujos
dados são abertos, verificou que somente os gastos publicitários da presidência
da república e dos ministérios, na Globo, sem considerar a publicidade das
estatais, que permanece em sigilo, totalizaram R$ 52 milhões em 2017, um
aumento de 63% sobre o ano anterior, e de 77% sobre 2015.
Os
valores são líquidos, ou seja, já descontados os tributos.
Segundo
especialistas ouvidos pelo blog, quando os recursos das estatais forem
computados, esses números devem se multiplicar por quatro ou cinco.
Conforme
anunciado oficialmente ao final do ano passado, o governo Temer decidiu cortar
investimentos em áreas essenciais da saúde pública. As despesas com saneamento
básico, por exemplo, deverão sofrer um corte extremamente brutal, passando de
R$ 1,4 bilhão em 2017 para R$ 16,5 milhões (sic) em 2018.
Os
recursos repassados às universidades, para pesquisa e tecnologia, para saúde,
educação, infra-estrutura, estão sofrente cortes radicais no governo Temer.
Em
se tratando da Globo, porém, dinheiro não falta.
PS:
O banco de dados da Secom revela ainda que a Lide, revista de João Doria,
prefeito de São Paulo, ganhou dois presentes generosos do governo federal: em
junho de 2017, foram pagos R$ 61.718; em julho, mais R$ 42.594. Ambos são
valores líquidos, já descontados os impostos. Esses valores correspondem
exclusivamente aos gastos da presidência da república e ministérios. Não
contabilizam as estatais. De maneira que, se as estatais forem contabilizadas,
essas despesas podem se multiplicar por quatro ou cinco. (Por Miguel do Rosário, em O Cafezinho).
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Ao lançar novo escritório de "jornalismo", os irmãos marinho brindaram com nosso dinheiro. João Dória também ganhou presentinhos do governo federal. (Foto: Reprodução/ O Cafezinho). |