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Amostra de um fóssil pré-histórico |
Cientistas
da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e da Universidade Federal do Pernambuco
(UFPE) estiveram em Corrente durante esta semana realizando estudos e coletando
amostras de um fóssil pré-histórico encontrado na localidade de Riacho Grande,
interior do município. São eles o Zoólogo Dr. Paulo Auricchio, o Paleontólogo
Dr. Juan Cisneros, a Arqueóloga e Mestrando em Palentelogia Mayana de Castro e
a Bióloga Dra. Cláudia Madella.
O
professor Paulo Auricchio relatou que ficou sabendo da informação de que havia
algo em Corrente num congresso, onde ouviu o relato de uma aluna sua afirmando
que havia um professor em Corrente que andava pela cidade carregando um osso
muito grande nas costas. “Ela, que era daqui, fez alguns telefonemas e logo
identificou que se tratava do professor Marcelo. Entrei em contato e depois de
4 (quatro) meses pude vir pessoalmente a Corrente e constatei que de fato o
osso que o professor carregava se tratava de um úmero muito grande, já
fragmentado”, contou o professor Auricchio.
Ao
levar o fóssil a Teresina, o professor montou as partes fragmentadas e
constatou que se tratava de um osso pertencente a uma preguiça gigante. O
paleontólogo e especialista em Megafauna, Dr. Juan Cisneros auxiliou o
professor Paulo Auricchio nos estudos preliminares do fóssil e a partir de
então montaram um projeto com o objetivo de virem pessoalmente a Corrente.
O
Dr. Juan afirmou que o que mais despertou seu interesse foi o fato de que não
há registros de que esse tipo de animal tenha sido encontrado nesta região,
havendo registros apenas na região de São Raimundo Nonato e cidades vizinhas.
“Trata-se de um local novo destas descobertas sobre estes animais que viveram
na Era do Gelo e sabe-se muito pouco a seu respeito”, esclareceu o professor.
Entre
a descoberta do fóssil e a vinda dos cientistas foram dois anos de
planejamento, sendo que hoje a UFPI, em parceria com a UFPE, são os apoiadores
do projeto.
Os
fósseis encontrados e coletados serão encaminhados ao laboratório de
palenteologia da UFPI, onde passará por diversos processos. “Primeiramente será
feito um tratamento de limpeza e conservação desses ossos, que é um processo
que leva vários meses, pois são extremamente frágeis e requerem muito cuidado.
Posteriormente confirmaremos que espécie de animal se trata, embora tenhamos
uma boa idéia que se trata de uma preguiça gigante, da família dos
Megatheriidæ, que são as maiores preguiças que já existiram”, afirmou o Dr.
Juan Cisneros.
As
preguiças gigantes já foram descobertas em várias localidades do Brasil, e se
tratam de animais que medem aproximadamente de 5 a 6 metros de comprimento e
pesam de 5 a 6 toneladas, o mesmo peso do maior elefante que hoje existe;
podiam ficar apoiados nas patas traseiras para poderem se alimentar das plantas
mais altas, chegando a altura de uma casa de dois andares. Pertenceram ao
período Pleistoceno, podendo ter a idade de 10 mil a dois milhões de anos,
embora as maiores preguiças pertençam no máximo à 100 mil anos.
Os
fósseis encontrados em Corrente foram achados quando a argila começou a ser
retirada para fabricação de telhas e tijolos, e ao encontrarem os ossos a
população não sabia do que se tratava, sendo que vários ossos foram retirados.
Os cientistas enfatizam a necessidade de que se propicie uma educação à comunidade
no sentido de que, ao serem encontrados esses tipos de ossos, de forma alguma
se mexa no local, pois mesmo que seja feito com muito cuidado, até a posição
deles são de fundamental importância para os estudos. “Essa descoberta é muito
importante para entendermos o passado do Piauí. A população precisa se
conscientizar do cuidado que se deve ter com esses ossos e também com qualquer
vestígio de presença humana, enfatizou o professor Paulo Auricchio, que ainda
destacou que esses fósseis não possuem qualquer valor comercial.