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Professor Nicolau Neto durante roda de diálogo sobre Coronelismo com estudantes da Escola Menezes Pimentel (Potengi-CE). (FOTO/ Nicole Mendes). |
Apresentação/justificativa
Durante
o período da República Velha que se estendeu de 1889 a 1930, o Brasil
testemunhou o desenvolvimento e o fortalecimento do coronelismo por meio das
oligarquias. Com Campos Sales que presidiu o país entre 1902 e 1906 uma prática
conhecida como Política dos Governadores deu as principais bases da força de
atuação e coerção dos coronéis, alcunhado de chefes político locais.
Foi
Victor Nunes Leal, jurista brasileiro, quem primeiro apresentou o termo em uma
obra clássica denominada “Coronelismo, Enxada e Voto – O município e o regime
representativo no Brasil (2012)”:
“.... devemos notar,
desde logo, que concebemos o “coronelismo” como resultado da superposição de
formas desenvolvidas do regime representativo a uma estrutura econômica e
social inadequada. Não é, pois, mera sobrevivência do poder privado, cuja
hipertrofia constituiu fenômeno típico de nossa história colonial. É antes uma
forma peculiar de manifestação do poder privado, ou seja, uma adaptação em
virtude da qual os resíduos do nosso antigo e exorbitante poder privado têm
conseguido coexistir com um regime político de extensa base representativa”.
(p.23).
E
continua ao destacar que esse sistema possui “peculiaridades locais” e, que por
isso mesmos se constitui como um “compromisso, uma troca de proveitos entre o
poder público, progressivamente fortalecido, e a decadente influência social
dos chefes locais, notadamente, os senhores de terras” (p.23). Sendo assim,
essa troca de favores se dava entre a população carente de recursos econômicos
e cada vez mais empobrecida e os coronéis.
No cariri cearense, a prática
coronelista também foi sentida, visto que a política dos governadores que se
configurava em uma relação não só de troca de favores entre coronéis e a
polução empobrecida dos municípios, mas uma relação de forças entre governo
federal, passando pelos estados até chegar ao nível local. Nomes como o do
Padre Cícero, primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, Antonio Joaquim de
Santana, chefe político de Missão Velha e Felinto da Cruz Neves, prefeito de
Santana do Cariri são exemplos da existência dessa prática política que não
cessou em 1930, mas que ainda permanece com novas roupagens. Permanece ainda
viva na memória e nos símbolos históricos como o Casarão do Coronel Felinto, em
Santana do Cariri-CE. Um patrimônio histórico que remonta aos fins do século XIX abrigando fontes riquíssimas de um período
de grandes conflitos políticos, de domínio e de relação de forças. De igual
modo, a própria Igreja Católica da Cidade, que foi palco de discórdias entre o
próprio Coronel Felinto e Manoel Alexandre, homem de grandes posses.
Objetivos
É válido destacar que esse período
deixou marcas profundas e muitas de suas práticas e vícios ainda resistem ao
tempo e é dentro deste contexto que os alunos e alunas poderão compreender a
partir desses símbolos históricos temas como voto de cabresto, mandonismo,
clientelismo, além de identificarem que com novas roupagens o coronelismo
permanece bem vivo no coração e na mente de muitos e que continua a nos
incomodar enquanto cidadãos, alunos/as e profissionais da História e nos coloca
diante de novos desafios.
Percurso
Os alunos e alunas sairão a partir das
06h30 da sede da Escola de Ensino Médio em Tempo Integral Menezes Pimentel em
direção a Euroville, localizada em Araporanga, zona rural de Santana do Cariri,
para um momento de relaxamento por meio de um piquenique sob a orientação do
professor de Inglês, Jailton. Posteriormente, por volta das 09h00 sairão com
destino ao Casarão do Coronel Felinto e a Igreja de Senhora de Santana, ambos
os prédios localizados na cidade de Santana do Cariri. Por fim, antes do
retorno a cidade de Potengi, os/as estudantes visitarão o Pontal.
Conclusão
Findado
esse momento, espera-se que os estudantes possam distinguir a partir dos
debates em sala com a análise dos espaços visitados como se davam o controle e
o domínio da população dentro dessa relação de forças chamada coronelismo e
entender que muitas das práticas aqui estabelecidas resistem ao tempo.
Referência
LEAL,
Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo
no Brasil. 7. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.