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Mercadante ganhou força com Dilma após as manifestações de junho, e Gleisi vai para eleições no Paraná. |
Foi
dada a largada para a tão falada reforma ministerial. Apesar de não ter sido
confirmado oficialmente, já é dado como certo entre os assessores do Palácio do
Planalto que o ministro Aloizio Mercadante, da Educação, passará a ocupar a
Casa Civil a partir de fevereiro em substituição a Gleisi Hoffmann. A
formalização do nome de Mercadante, contudo, só será feita depois da viagem que
a presidenta Dilma Rousseff fará ao exterior nos próximos dias, quando
participará de eventos na Suíça e em Cuba.
A
consolidação do nome de Mercadante foi feita em reunião que contou com a
participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ex-ministro de
Comunicação do governo Lula, Franklin Martins, e do chefe de gabinete de Dilma,
Giles Azevedo. Demonstrando que a sintonia entre os dois continua, Lula chegou
ao Palácio da Alvorada para a reunião, posou para fotos com Dilma e discutiu,
no encontro, as alianças regionais a serem firmadas daqui por diante.
No
final da tarde, no Palácio do Planalto, o porta-voz da Presidência, Thomas
Traumann, afirmou que a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula trataram sobre
conjuntura política, Copa do Mundo e educação. O porta-voz não quis falar sobre
a reforma ministerial e disse que as mudanças a serem feitas só serão anunciadas
oficialmente após o retorno da viagem da presidenta.
Na
reunião no Alvorada surgiram questões como as coligações do PT com o PMDB nos
estados, os locais onde essas alianças apresentam mais fragilidades ou serão
rompidas – como no Rio de Janeiro – e costuras políticas do xadrez eleitoral
para as próximas eleições, como a candidatura própria do PSB, que tem à frente
o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (com a parceria da ex-ministra
Marina Silva), e a situação dos aliados nos estados que possuem governadores da
legenda de Campos.
Na
prática, sabe-se que a saída dos demais ministros poderá demorar mais um pouco
para ser consolidada. A mudança na Casa Civil foi antecipada diante de pedidos
feitos pela própria Gleisi Hoffmann no final do ano para retornar ao Senado o
quanto antes e, assim, dar início às articulações para o seu palanque no
Paraná, onde será candidata ao governo estadual.
Três nomes
Conforme
as especulações feitas ao longo da tarde, outros três nomes estão cotados para
serem indicados como novos ministros. O atual secretário-executivo do
Ministério da Educação, José Henrique Paim, passaria a ser o titular da pasta,
em substituição a Mercadante. O secretário de Saúde de São Bernardo (SP),
Arthur Chioro, substituiria Alexandre Padilha no Ministério da Saúde, com a
saída do titular para disputar o governo de São Paulo pelo PT.
Já
o filho do ex-vice-presidente da República José de Alencar, Josué Gomes da
Silva. Josué Silva, caso seja confirmado, ocupará o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, no lugar de Fernando Pimentel, que vai
disputar eleição em Minas Gerais.
A
ida de Mercadante para a Casa Civil, que já vinha sendo esperada dentro do
governo desde julho passado, é vista como uma mudança na condução dos trabalhos
da pasta, que passará a ter uma atuação mais política do que técnica, ao
contrário do que vinha acontecendo com Gleisi.
Desde as manifestações populares
observadas em junho, Mercadante assumiu a função de articulador político do
governo, passando a tomar a frente nas reuniões e nos encontros da presidenta
junto aos setores da população chamados para conversar com o Executivo e
apresentar suas demandas.
Ao
longo desse período, Mercadante também acumulou a antipatia de setores do
governo que não gostaram da sua postura, por considerarem que ele estaria
atropelando outros ministros como a própria Gleisi Hoffmann e a ministra da
Articulação Institucional, Ideli Salvatti.
Simpatia de parlamentares
Por
outro lado, muitos dos parlamentares ouvidos nos últimos seis meses creditaram
ao ministro da Educação alguns ganhos obtidos pelo governo, devido à sua
capacidade de atuar como bombeiro em meio às divergências entre Congresso e
Planalto e por realizar um trabalho político de articulação entre os vários
partidos nos estados. Ex-senador e ex-líder do governo no Congresso, o ministro
costuma transitar bem pelo Legislativo, sobretudo entre as lideranças
partidárias.
Mas
a reforma ministerial passa por outros nomes que ainda estão sendo discutidos.
Ainda não se sabe, por exemplo, se o ministério da Integração Nacional, que já
pertenceu ao PMDB e nos últimos anos era ocupado pelo PSB – até a saída da
legenda do governo – voltará para os peemedebistas ou passará a ser ocupada
pelo Pros, partido para onde migraram os irmãos Ciro e Cid Gomes, do Ceará,
aliados do governo.
Os
peemedebistas insistem para que o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) venha a ser
um dos contemplados, mas ainda não se sabe qual a pasta que ele conduzirá.
Também não se sabe se Ciro Gomes será indicado para ocupar um dos ministérios
ou se ficará sem cargo no governo, para atuar de forma mais livre na campanha
e, assim, atuar como mais um articulador pela reeleição de Dilma no Nordeste.
Peemedebistas
Outra
questão a ser acertada é se o governo vai mesmo ceder às pressões feitas nos
últimos dias pelo PMDB e ampliar o número de integrantes do partido dentro do
primeiro escalão – o que também exigirá boa parte de remanejamento de cargos e
mais habilidade política do que nunca, num período em que o que está em jogo é
a eleição presidencial deste ano.
Via
Rede Brasil Atual