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Estudantes e professores/as da EEMTI Santa Tereza, em Altaneira. (FOTO | Reprodução | Facebook). |
A
primeira etapa de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022 aplicada
neste domingo (13) teve questões marcadas por temas sociais, como o Estado
Democrático de Direito, em especial, o reconhecimento do resultado das
eleições, a participação das mulheres no universo do skate, a valorização da
cultura nordestina e uma redação como o tema: “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no
Brasil.”
Nas
redes, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) comemorou sobre o
tema da redação e se manifestou sobre a importância dos estudantes refletirem
sobre o assunto. “Neste momento, milhões
de estudantes estão pensando e escrevendo sobre os povos originários do Brasil”.
A
luta do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o maior movimento social
urbano do Brasil, também foi lembrado sobre a legalidade de suas ações que
estão garantidas pelo preceito constitucional. “Urgente: MTST ocupa o Enem”, escreveu.
A
prova é realizada em dois dias de aplicação. São quatro provas objetivas, com
180 questões, sendo 45 de cada área do conhecimento. O segundo dia de provas
ocorrerá no próximo domingo (20), com aplicação das provas de ciências da
natureza e suas tecnologias, e matemática e suas tecnologias.
Declínio no número de candidatos
Milhões
de brasileiros participaram do primeiro dia de provas, porém o número de
inscritos no exame vem caindo nos últimos anos – e a proporção de candidatos
negros, também. Embora ainda sejam maioria, os candidatos que se autodeclaram
pretos ou pardos formam 54,8% dos total de quase 3,4 milhões de inscritos. Em
2019, esse percentual era de 59,1%.
Neste
ano, o número de inscritos para o Enem foi o menor desde 2005, quando o exame
ainda não era um “vestibular nacional”.
Entre os fatores apontados por especialistas a diminuição do número de
inscritos esta a pandemia e a má gestão na Educação durante o governo de Jair
Bolsonaro. O número de candidatos ao Exame caiu ano após ano no governo
Bolsonaro, passando de 5,09 milhões em 2019 até o patamar atual de 3,4 milhões.
O
Enem se tornou o principal passaporte para a entrada do ensino superior no
Brasil. Para a professora e pesquisadora de Educação das Relações
Étnicos-Raciais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Rosely Tavares, a
participação de negros sendo a maioria dos inscritos provoca uma transformação
das universidades, principalmente as públicas, e fortalece o combate ao racismo
e discriminação.
“A universidade, além de um lugar de estudo e
desenvolvimento de pesquisa, é um espaço também de ascensão social porque
sabemos que representa uma melhor colocação mercado de trabalho, mas, acima de
tudo, de ter essa população negra no Ensino Superior implica também tensionar
esse lugar, sobretudo as universidade públicas, que historicamente são espaços
ainda conservadores, de pessoas brancas, e tensionar as leituras os próprios
autores, as pesquisas”, analisa ela em entrevista ao Alma Preta Jornalismo.
Lei de Cotas Raciais
Umas
das ações de políticas afirmativas no enfrentamento ao racismo implantadas pelo
governo no Brasil que tem contribuído para este aumento de inscritos negros no
Enem é a Lei de Cotas Raciais. Desde 2012, a legislação instituiu que 50% das
vagas ofertadas pelas universidades públicas devem ser destinadas a estudantes
pretos e pardos oriundos do Ensino Público.
A
Lei Federal de Cotas completou dez anos em 2022 e o governo Bolsonaro encerra o
mandato sem reavaliar o programa pelo Governo Federal.
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Com informações do Alma Preta, Metrópole e Mídia Ninja.