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Segundo colunista, Caetano deve manifestar apoio a Lula. Ex-chanceler tucano defende "salvar o Brasil da tragédia Bolsonaro". Uns Produções (Divulgação)/Marcelo Camargo (ABr) |
“O segundo turno já começou e eu não só voto
no Lula como vou fazer campanha para ele no primeiro turno.” A declaração é
do ex-chanceler Aloysio Nunes Ferreira, um dos mais enraizados tucanos do
estado de São Paulo, berço do PSDB. “Não
existe essa terceira via; só existem duas: a da democracia e do fascismo. Se
quisermos salvar o Brasil da tragédia de Bolsonaro, teremos de discutir o que
vamos fazer juntos”, continuou o ex-ministro do governo Michel Temer à
jornalista Vera Rosa, do jornal O Estado de S. Paulo, nesta sexta-feira (13). A
fala do tucano ocorre no mesmo dia em que o compositor Caetano Veloso, eleitor
de Ciro Gomes em 2018, visita Lula para declarar apoio ao ex-presidente este
ano.
Em
fevereiro, ao mesmo jornal, Nunes já havia sinalizado para esse desfecho, ao
afirmar que a aproximação do ex-governador Geraldo Alckmin de Lula “é um movimento correto do ponto de vista
político, tanto da parte do Alckmin quanto do Lula”.
Em
outra frente, a da cultura, a adesão de Caetano, que também já havia sido
sinalizada em outras manifestações do artista, será celebrada em São Paulo, no
apartamento de Lula. A informação é do jornalista da GloboNews Gerson
Camarotti. Segundo ele, o encontro foi articulado pelo senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP), que abandonou a disputa pelo governo do Amapá para ser um
dos coordenadores da campanha do petista.
Chico
Buarque, Martinho da Vila, Zélia Duncan, Chico César, Marieta Severo, Bruna
Gonçalves, Paulinho da Viola, Antonio Pitanga e muitos outros estão no barco de
Lula, a quem o apoio do setor cultural é virtualmente unânime.
Símbolo
do samba, Zeca Pagodinho já se reuniu com Lula no Rio de Janeiro, junto de
outros artistas. No final de abril, ele afirmou, inclusive, que pode deixar o
país. “Eu não quero ir embora daqui, mas,
do jeito que está, eu penso em ir embora”, declarou ao portal UOL.
Na cultura, repulsa a Bolsonaro
Jair
Bolsonaro provoca repulsa no meio cultural. Sua perseguição a artistas,
produtores e entidades é permanente e revela não apenas ódio, mas perversidade.
Seu último gesto, por exemplo, em relação ao setor, foi vetar as leis Paulo
Gustavo e Aldir Blanc, que permitiriam o repasse de R$ 3,8 bilhões e R$ 3
bilhões, respectivamente, para fomentar uma das atividades mais devastadas pela
pandemia de covid-19.
Antes
mesmo de assumir mandato, o atual chefe de governo já anunciava a extinção do
Ministério da Cultura, medida que defendera ainda como pré-candidato à
Presidência em 2018. Em evento em março daquele ano prometeu acabar com o Minc
e defendeu uma de suas bandeiras da morte: “A
arma, mais que a defesa da vida, é a garantia da nossa liberdade”.
“Visão de mundo”
Na
área política, outro nome de peso a declarar apoio a ao ex-presidente nesta sexta
foi o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PSD-AM), em
artigo na Folha de S. Paulo nesta sexta. Depois de elencar alguns projetos em
relação aos quais discorda da visão de Lula e do PT (reforma trabalhista,
independência do Banco Central e capitalização da Eletrobras), o deputado
esclareceu.
“A visão de mundo do ex-presidente Lula e a
minha são diferentes, sobretudo em relação à economia. Muitas de nossas
posições são antagônicas nesse campo tão essencial. Mas concordamos em algo ainda
maior: a democracia. E é por isso que estarei com Lula nesta eleição”,
escreveu o parlamentar, que deixou o PL quando Bolsonaro entrou para a legenda.
Da
seara tucana, os ex-senadores José Aníbal e Arthur Virgílio também podem apoiar
Lula, até por discordar dos rumos seguidos pelo PSDB a partir da ascensão de
João Doria, cuja campanha à Presidência da República é um fracasso.
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Com informações da RBA.