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(FOTO/ Reprodução). |
O
lançamento, ontem (6) à noite, do livro Direitos Humanos no Brasil 2021
(editora Outras Expressões), relatório da Rede Social de Justiça e Direitos
Humanos, aponta retrocessos e resistências. “Para reagir aos impactos da
política governamental genocida – que terão consequências de longo prazo para
toda a sociedade –, movimentos e organizações sociais buscam construir
condições para a superação e a transformação”, diz o texto de apresentação,
entre 32 artigos, de 46 autores, publicados na obra.
Em
254 páginas, o livro trata de crise ambiental, exploração de mão de obra em
suas várias formas, criminalização de movimentos sociais, moradia, saneamento,
militares, trabalho, desigualdade, gênero, cultura, racismo e pandemia. No ano
em que “a sociedade civil brasileira viu nossa frágil democracia ser atacada e
ferida”, como diz o monge beneditino, teólogo e escritor Marcelo Barros, que
assina o prefácio. E aponta o que chamou de “tarefa urgente da reorganização da
esperança e da utopia”.
Contra a fome
No
artigo da advogada Andréia Aparecida Silvério dos Santos, da Comissão Pastoral
da Terra, por exemplo, se expõe essa resistência. “Em contrapartida ao recorde
nos números de conflitos registrados em 2020, também a CPT registrou o maior
número de manifestações de luta (1.348), incluindo ações de solidariedade,
especialmente doações de alimentos realizadas pelos movimentos sociais do campo
e entidades populares”, escreve. “Essas ações foram fundamentais para aliviar a
fome de milhares de famílias do campo e da cidade, agravada pela pandemia. Em
2021, as manifestações continuam.”
Em
outro texto, o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Jr., e a supervisora
de produção técnica, Patrícia Costa, analisam o “pífio” desempenho do mercado
trabalhista, somado aos contínuos ataques a direitos. “Em momentos de crise
como a vivida pelo país, direitos trabalhistas e sociais podem servir de apoio
a toda a sociedade, minimizando impactos econômicos e ajudando na recuperação.
Infelizmente, o governo atual faz outra aposta e investe no caos”, afirmam.
Polícia em vez de projetos
Transmitido pela TVT, o evento virtual incluiu, além do lançamento da 21ª edição do livro, a entrega do prêmio João Canuto (líder rural assassinado em 1985). O primeiro a recebê-lo foi o Instituto Paulo Freire. A premiação é do Movimento Humanos Direitos (MHuD, presidido pela atriz Dira Paes.
Assim,
também foi feita homenagem ao educador, que completaria 100 anos em setembro.
“As violações evidenciam um cenário que é histórico, mas que se acentuou nos
últimos anos”, diz o historiador e programador cultural Eleilson Leite, da Rede
Social, que escreve no livro. Ele observa, no entanto, que o relatório não traz
apenas mazelas. E conjuga o verbo “esperançar”, cunhado por Paulo Freire.
O
líder comunitário Rumba Gabriel, do complexo do Jacarezinho (“Quilombo urbano”,
como ele define), na zona norte do Rio de Janeiro, ofereceu a premiação todas
as favelas cariocas. Ele lembra que o Estado, ao longo dos anos, levou a
polícia às comunidades em vez de projetos. “Mas a gente não desiste. Também
temos momentos felizes”, afirmou Rumba, que é compositor da Mangueira.
Profissionais da saúde
O
João Canuto foi dado também ao Levante Indígena pela Terra, ao líder Daniel
Kuikuro, ao MST (Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente), à Rede de
Comunidades Tradicionais Pantaneiras e à pneumologista Margareth Dalcolmo, da
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Ela agradeceu em nome de todos os
profissionais da saúde: “Como médica, pesquisadora, engajada no sentido de
promover conhecimento, interpretar a informação científica, certamente nós
chegamos mais perto de todos vocês”.
Pela
Rede, Cláudia Pinho recebeu o prêmio. “Momentos como este nos fazem refletir
sobre a invisibilidade das comunidades, mas também sobre outras formas de
buscar ajuda”, afirmou.
Homenagem a Sérgio Mamberti
Outro
homenageado foi o indiano Kailash Satyarthi, Prêmio Nobel da Paz, por sua
atuação contra o trabalho infantil, “negação de todos os direitos humanos”,
como definiu. “Vocês podem sempre me considerar um irmão, um amigo”, disse o
ativista.
Quase
no final, um momento de emoção foi a homenagem ao ator e ativista cultural
Sérgio Mamberti, que morreu em setembro. Seu filho Carlos e o chargista Renato
Aroeira se manifestaram. “O esperançar é o tema que vai nos ajudar a pensar em
outras possibilidades, na construção de um país mais justo e igualitário”,
disse no encerramento Maria Luisa Mendonça, diretora da Rede Social. “Em 2022,
estaremos firmes e fortes em nome dos direitos humanos”, completou Dira Paes.
________________
Com informações da RBA.
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