Renato
Janine Ribeiro disse hj: "Quem é da área de Filosofia raras vezes chama os
colegas de filósofos e não se autodenomina filósofo. O mais frequente é nos
dizermos professores ou pesquisadores de filosofia".
Antonio Celso Ferreira, em seu perfil -
Concordo muito com ele. Os profissionais de História da minha geração também
tem pudores em se autodenominarem "historiadores". Mas isso se tornou
corriqueiro nesta última década, o que sempre me causou certo incômodo.
Fui
acostumado a pensar que "Historiador" é um reconhecimento dado pelos
leitores ou pelos nossos pares como resultado de uma obra de vida e que deve
ser usado com muito comedimento.
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Antonio Celso Ferreira. Foto: Perfil/Facebook. |
Nem
todo mundo é historiador ou se torna historiador. Somos, antes de tudo,
professores de História e não há nada de mal ou desprestígio nisso. O título de
"historiador" é como o de "escritor",
"romancista" ou "artista". Para mim, só é historiador
aquele cuja obra é assimilada pela historiografia como uma contribuição que perpassa
o tempo. Geralmente os historiadores, assim como os filósofos, só são
reconhecidos pela posteridade.
Da
mesma forma não gosto de usar o título de Doutor. É um falso orgulho. Aprendi
que outros até podem nos chamar dessa forma, nunca nós mesmos.
Por
essa razão, não gostei e não apoiei a luta da Anpuh pela profissionalização do
historiador. Tanto em razão do que eu disse acima, quanto pelo fato de que já
considerava uma luta perdida. Despolitizada e vã. Esse talvez seja o maior erro
da Anpuh, além do fato de ter se tornado um apêndice da CapesTalista.
O
que adianta ser chamado de "historiador" quando qualquer um pode ser
"notório saber"?
Trata-se
de equívoco de natureza corporativa e que ilude os alunos. Atualmente, até
alunos de primeiro ano se consideram historiadores, quanto mais inúmeras
nulidades que conseguiram seus diplomas de doutor ou pós.docs (uma praga) sem
dar alguma contribuição significativa ao conhecimento.
A
derrota das ilusões dessas duas últimas décadas de carreirismo e produtivismo
inútil nos deve levar à reflexão.
O
que significa essa mania de todos se considerarem historiadores? Equivale à
mesma ilusão de ascensão das classes populares às classes médias pelo consumo.
A mesma expressão da (Teo)Ideologia da Prosperidade Evanjegue-Petista. Um falso
trunfo. Um desprezo pelo magistério. Uma expressão de reacionarismo. Todos
serão professores. Não há lugar para historiadores.
Historiador
não é profissão.
Não,
não somos historiadores. Isso é pretensão. Pedantismo. É fake. Como os pobres
que querem se autoafirmar copiando máscaras da classe dominante.
Só
o tempo dirá quem são os historiadores da nossa época.
Mas
seremos todos professores de História com orgulho. Apesar de muito
provavelmente terceirizados.
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