O
Brasil irá voltar suas atenções para o senado federal no próximo dia 25 de
agosto. Serão no mínimo três dias para saber se as vontades de 54 milhões de
pessoas irão ser respeitadas ou se o desejo de meia dúzia de destronados do
poder prevalecerá.
No
último dia 12 do corrente mês, a presidenta afastada do cargo por um grupo mais
sujo do que pau de galinheiro foi notificada no palácio da alvorada para
comparecer ao plenário do senado federal. No momento, será julgada no processo
de impeachment. A notificação foi enviada pelo ministro Ricardo Lewandowski, presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF) e também presidente do processo.
Se
Dilma irá comparecer para se defender pessoalmente ou não, ainda não se sabe. O
fato é que esse é um dos momentos mais cruciais para a manutenção da
democracia. Mas por que a democracia está em risco? Vocês poderiam me
perguntar. Porque a vontade popular, o desejo da maioria da população eleitora
deste país está sendo colocada em xeque. Está prestes a ser desfeita pela
simples vontade de um grupo de pessoas que não aceitaram o resultado das
eleições presidenciais em 2014.
Mas
não é só isso. Questionar o resultado de uma eleição é normal. É algo natural
do processo. Agora, os argumentos que se utilizaram para tal é que não
convence. São falhos e, portanto, não são aceitáveis para a saída da
presidenta. Afinal, quem os denunciam praticaram também. Até mais eu diria.
Dinheiro de empresas para o uso de campanhas todos os partidos e todos os
candidatos usaram, com raríssimas exceções. Mas o denunciante usou e isso nesse
caso basta para a nulidade das acusações.
O
que está em jogo é bem mais do que um simples questionamento de resultados. O
eleitor e a eleitora deste país precisam ter em mente que o que está em jogo é
o privilégio advindo de cargos públicos. A regra do jogo já foi definida sem
que nós, povo, pudesse participar dela, porque aqui não temos o direito a vez e
muito menos a voz. Até porque ela está sendo silenciada aos poucos. Foi
definida quando deputados federais sem nenhuma afinidade com as causas sociais
em nome de projetos pessoais decidiram naquela aberrante sessão prosseguir com
o afastamento da presidenta. E ali a voz rouca das ruas e de mãos de 54 milhões de
pessoas não foram consideradas. Tudo em nome de deus, da família e do projeto
particular de cada um.
Está
sendo ainda definida, agora no senado, sem que o povo participe. E democracia
sem participação popular não é democracia alguma. Se esse processo tiver o fim
que todos já esperam, mas que não é a vontade de todos e, portanto, não
representa a vontade popular, se tornará muito fácil tirar um prefeito, uma
prefeita, um governador, uma governadora, um presidente, uma presidenta. Basta
que ele/a contraria os interesses de um pequeno grupo enriquecido às custas da
população. Basta que uma gestão desagrade uma mídia que não informa, mas
aliena, desinforma.
Senão,
vejamos. De que a presidenta está sendo acusada? De crime de responsabilidade
fiscal. De praticar as “pedaladas fiscais”. Porém, nem a própria assessoria
técnica do Senado, nem o Ministério Público Federal aceitaram que ela (Dilma)
praticou esse crime contra a fé pública, contra a administração pública. Não.
Ela não praticou. Disse o Ministério Público Federal, a Assessoria Técnica do
Senado. Disseram também intelectuais, os mais renomados juristas do Brasil,
professores das mais variadas áreas, movimentos sociais e também deputados,
senadores, ex-ministros e ex-ministras. Aliás, do crime que estão tentando
acusá-la, muitos dos acusadores cometeram. Inclusive o relator do processo no senado. Parece até piada, mas não é. O que
importa para esses falsos democratas e surrupiadores da constituição é tirá-la
do poder. O que importa para esse grupo é encontrar o culpado, ou melhor, a
culpada. Se ela é ou não, não lhes parece muito importante.
Então,
o que esperar desse agosto de 2016? Teremos uma redenção democrática ou o
esmagamento da democracia, da vontade popular? Pelo que ora se desenha, temo
pela segunda resposta. O que não seria novidade. A história do Brasil tem
exemplos disso. Os setores conservadores
do Brasil usam os mesmos métodos e as mesmas artimanhas para chegar ou voltar
ao poder. Basta ter um governo com um pouco de abertura para às classes mais
pobres que o medo de uma ascensão social salta aos olhos da elite que não quer
perder privilégios. Foi assim com Getúlio Vargas, com João Goulart (Jango),
tentaram com Lula e agora estão tentando com Dilma.
O
projeto conservador desse grupo que encontrou apoio de setores do judiciário,
de alguns da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e de uma imprensa
conservadora e reacionária representada pela Globo e suas filiais sairá
vencedor? Está tudo caminhando para isso.
![]() |
Plenário do Congresso Nacional. Foto: Divulgação. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!