Pesquisa
da Fundação Seade e do Dieese, divulgada hoje (17), mostra alguns indicadores
positivos quanto à presença dos negros no mercado de trabalho da região
metropolitana de São Paulo, mas também aponta desigualdades cuja superação
ainda deve demorar. "Apenas com
longos períodos de crescimento econômico em conjunto com ações de políticas
afirmativas é possível diminuir as desigualdades no mercado de trabalho e
melhorar as oportunidades de inserção para a população negra", afirmam
as entidades, que divulgaram estudo relativo ao Dia da Consciência Negra,
celebrado na próxima sexta-feira (20).
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Dos quase 38% de ocupados negros no ano passado, 20,5% eram homens e 17,4%, mulheres. |
Entre
as melhorias registradas de 2013 para 2014, Dieese e Seade destacam o
crescimento da participação dos negros entre os ocupados, de 35,2% para 37,9%
do total. Esse aumentou ocorreu tanto para homens (1,7 ponto percentual) como
para mulheres (1 ponto). Dos quase 38% de ocupados negros no ano passado, 20,5%
eram homens e 17,4%, mulheres.
A
distância entre as taxas de desemprego diminuiu, embora continuem sendo mais
elevadas para os negros. Neste caso, a taxa ficou estável em 12%, enquanto para
os não negros subiu de 9,4% para 10,1%, reduzindo a diferença de 2,6 para 1,9
ponto percentual. Dieese e Seade lembram que essa diferença chegava a 7,2
pontos em 2002 (a taxa de desemprego entre os negros chegava a 23,6% e a dos
não negros, a 16,4%).
Do
ponto de vista da garantia de benefícios trabalhistas e previdenciários, 62,9%
dos não negros ocupados estavam inseridos em ocupações regulamentadas –
assalariados no setor privado com carteira assinada e no setor público). Entre
os negros, essa participação era um pouco menor, de 61,7%. Mas apenas entre
assalariados no setor privado com carteira, a proporção entre os trabalhadores
negros (55,2%) era um pouco maior que entre os trabalhadores não negros
(54,2%).
Já
no serviço doméstico, caracterizado por menor regulamentação e rendimento,
estavam 9% dos negros ocupados e 5% dos não negros. Entre os autônomos, 16,4% e
14,8%, respectivamente.
O
rendimento mostra de forma mais clara as diferenças no mercado de trabalho. O
rendimento/hora dos negros representava, em 2014, 63,7% do recebido pelos não
negros: R$ 8,79, ante R$ 13,8%. Em relação a 2013, enquanto o valor entre
negros praticamente não variou (0,3%), entre não negros houve crescimento de
2,9%.
A
desigualdade é ainda maior no setor de serviços: a proporção passou de 62,9%,
em 2013, para 59,1% no ano passado. Na indústria, os negros recebiam 70,1% dos
ganhos dos não negros e no comércio, 70,2%. No setor público, a proporção era
de 66,2% e entre os autônomos, de 71%. No serviço doméstico, com maior
participação de negros e rendimentos menores, a proporção cai para 1,5%.