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Professores e alunos(dos municípios de Altaneira, Nova Olinda e Santana do Cariri) em roda de conversa na praça de Nova Olinda para debater as medidas autoritárias do governo Temer. Foto: Ana Cleide (Aluna do 3º Ano do Ensino Médio da EEFM Padre Luis Filgueiras), |
As
ruas do município de Nova Olinda, na região do cariri cearense, serviram de
palco na manhã deste sábado (01/10) para uma mobilização contra a Medida
Provisória 746/2016 da Reforma do Ensino Médio que já foi encaminhada para
apreciação na Câmara Federal, tendo 120 dias para ser aprovada.
A
iniciativa do ato partiu dos próprios alunos e alunas de três municípios, a
saber, Altaneira, Nova Olinda e Santana do Cariri, apoiada por
universitários/as e professores/as da região. Apesar da proposta ainda não ter
sido debatida na comissão especial, que será criada visando discutir o conteúdo
da medida, já é um dos assuntos mais comentados, sendo, portanto, motivo de
controvérsias entre parlamentares, intelectuais, corpo discente e docente de
todo o Brasil.
O Ato
Em
Nova Olinda, um dos organizadores da manifestação, o estudante Luan Moura, da
EEM Padre Luís Filgueiras, criou na rede social facebook um evento denominado “Sem
discussão não tem reforma não” como mais um mecanismo objetivando
convidar pessoas a se integrarem na discussão, além de explicar os pontos
estratégicos do percurso. A concentração teve início por volta das 08h00 da
manhã ao lado da Igreja Matriz, onde os manifestantes realizaram oficinas de
produção de cartazes.
O
manifesto seguiu pelas principais ruas da cidade com paradas em pontos
estratégicos, como na Câmara Municipal e na Prefeitura até seguir a praça,
localizada atrás da Escola Estadual Luís Filgueiras - ponto dos debates em uma
roda de conversa.
Para
Geórgia, estudante do curso de Ciências Sociais, a ação foi muito proveitosa e
serviu para demonstrar que eles não concordam com à medida que visa, de forma
mascarada, reduzir a carga horária de disciplinas como filosofia, história,
geografia, sociologia, dentre outras. A universitária frisou que essas matérias
foram e ainda são muito importantes na sua formação.
De
igual modo, Matheus Santos, aluno do terceiro ano do curso técnico em
edificações na EEEP Wellington Belém de Figueiredo foi taxativo ao discorrer
sobre os perigos que essa reforma pode acarretar na grade curricular das
escolas públicas. Para ele, é fundamental que todas as disciplinas tenham o
mesmo grau de importância e que não é diminuindo a carga horária destas ou
excluindo-as que o ensino médio vai melhorar. Lucas Alarcon, do curso técnico
em finanças (2º ano) da mesma instituição, engrossou as críticas a MP. Segundo
ele, todos os alunos, independentemente da área que vier a escolher, necessita
do aporte conteudístico e teórico de todas as disciplinas.
Uma
das mais críticas da medida e presidenta do Grêmio Estudantil da Wellington
Belém, a aluna Kézia Adjanne do curso técnico em redes de computadores (2º ano)
não poupou críticas ao governo Michel Temer e suas atitudes. A estudante
destacou que a reforma necessita ouvir os alunos e alunas e que essa maneira de
conduzir a educação só reforça o objetivo do governo que é formar alunos sem
pensamento crítico.
Uma
das articuladoras do movimento, a professora de Biologia Eleniuda, da Luiz
Filgueiras destacou a importância de se produzir ações como essas. Durante todo
o percurso a docente fez questão de frisar que o manifesto era uma aula de
cidadania e que posteriormente será produzido um documento para ser encaminhada
à crede 18 e a Seduc. Já Cirlaedna, professora de Artes e Empreendedorismo na
Wellington Belém de Figueiredo, chamou a atenção para a continuidade do ato.
Que essa mobilização não pare por aqui, frisou.
Este
professor e blogueiro ressaltou as principais agressões presente nesta medida
covarde do governo Temer que aprofunda ainda mais o abismo entre ricos e pobres
nas escolas públicas, legalizando o apartheid social. A MP proposta pela elite
governante que usurpou o poder desconsidera as principais leis educacionais do
país, jogando para o ralo a LDB 9394/96. Ela remonta as reformas do ensino
médio do período da ditadura civil-militar que desejava formar alunos para o
mercado de trabalho sem levar em consideração a formação ética e cidadã. Os
argumentos utilizados pelos defensores da proposta de que os alunos vão poder
escolher as disciplinas que querem estudar, que há excesso de disciplinas e
que, portanto não desejam mais uma escola conteudística é pobre e mascara os
seus reais motivos - quais sejam - reduzir a carga horária das disciplinas de
ciências humanas, ao passo que aumenta a carga horária anual da educação básica
de 800 para 1,4 mil, além de retirar a obrigatoriedade da Educação Física e
Artes da grade curricular em detrimento do reforço do Português, Matemática e
Inglês.
Várias
outros personagem usaram do discurso para demonstrarem sua indignação e
gritarem que educação é processo, é diálogo e não um ato impositivo, como a
professora Elisângela e a aluna Ana Cleide.
Durante
todo o percurso, as músicas “Trono de Estudar” (composta por Dani Black) e “Pra
Não Dizer Que Não Falei Das Flores” (Geraldo Vandré) animaram os manifestantes.
Para além das melodias os estudantes e professores também fizeram ecoar os
gritos de "Se a juventude se unir.... O Temer vai cair, vai cair" e
"Ô Temer você vai ver.... Quem derrubou o Collor também vai derrubar
você" em referência ao movimento estudantil brasileiro que se passou em
setembro de 1992 tendo como finalidade o impeachment do presidente brasileiro
no período, Ferando Collor de Mello.
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as fotos compartilhadas nas redes sociais