Quando
Cardozo pediu que o Supremo anulasse o impeachment, alegando que Cunha agiu com
desvio de finalidade, Teori Zavascki negou a liminar, pois "seria
impossível provar as intenções do presidente da Câmara". Agora, no
entanto, a questão é objetiva: Romero Jucá confessou que a motivação do
impeachment era trocar o governo para deter a Lava Jato e salvar uma elite
política corrupta, num acordo que envolveria integrantes do próprio STF.
Publicado originalmente no
Pragmatismo Político
No
dia 11 de maio deste ano, o então advogado-geral da União, José Eduardo
Cardozo, tentou uma liminar para suspender o impeachment da presidente Dilma
Rousseff, alegando que o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), havia agido com “desvio de finalidade” ao abrir o processo.
O
objetivo de Eduardo Cunha seria emplacar uma troca de governo para que pudesse
se salvar das investigações de corrupção, algumas delas promovidas pela própria
Operação Lava Jato, dizia Cardozo.
Teori
Zavascki negou a liminar, apontando que não seria possível comprovar as
motivações de Cunha naquele instante. Para o ministro do STF, a questão seria,
portanto, de natureza subjetiva.
No
entanto, nesta segunda-feira, o que era subjetivo se tornou cristalinamente
objetivo. O
senador Romero Jucá (PMDB-RR), um dos braços direitos do presidente interino
Michel Temer, confessou que o impeachment nada mais foi do que uma tentativa de
uma elite corrupta de deter a Lava Jato.
Para
“parar essa porra” e “estancar a sangria” (palavras de Jucá), seria preciso
retirar a presidente Dilma Rousseff do poder, colocando no cargo o
vice-presidente Michel Temer – e o mais grave, segundo Jucá, é que esse acordão
envolveria até integrantes do Supremo Tribunal Federal (saiba mais aqui).
Agora,
diante dessa bomba sem precedentes, os integrantes do STF têm apenas uma saída:
anular um processo de impeachment aberto na Câmara por razões espúrias e
aprovado no Senado para deter a Operação Lava Jato, num escândalo que
envergonha o Brasil diante do mundo.
![]() |
Teori Zavascki, do STF, aparece nos áudios de Jucá. Na gravação, ministro é chamado de 'burocrata' e considerado 'inacessível'. |