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Estimativas apontam que WhatsApp é usado por mais de 90% da população brasileira. (FOTO/ Marcelo Camargo/ Agencia Brasil). |
As
eleições de 2022 confirmaram um movimento perigoso de disseminação de fake news
nas redes sociais que já vinha sendo observado no Brasil desde o pleito de
2016.
No
ano passado, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) recebeu mais de 300 ações
relativas à campanha, 85 delas sobre notícias falsas. As redes sociais,
incluindo aplicativos de mensagens, foram o palco principal da desinformação.
Por
conta da onda de mentiras disseminadas, o Ministério Público Federal (MPF)
pediu que WhatsApp adiasse o lançamento de uma funcionalidade, que na visão do
MPF, poderia piorar ainda mais o cenário.
A
novidade seria o sistema de comunidades, que pode reunir até 50 grupos e permite
o compartilhamento de mensagens para até 5 mil pessoas. Passadas as eleições, a
plataforma colocou o recurso no ar.
A
jornalista e pesquisadora Renata Mielli, coordenadora do Centro de Estudos da
Mídia Alternativa Barão de Itararé e integrante da Coalizão Direitos da Rede,
afirma que é preciso discutir qual é o impacto da mudança em uma plataforma que
garante criptografia de ponta a ponta nas trocas de mensagens.
"A criptografia é uma tecnologia fundamental
para a defesa da privacidade das nossas comunicações. Qual é o questionamento
que alguns pesquisadores têm feito? Quando você tem a capacidade de, em um
único disparo, mandar uma mensagem para 5 mil pessoas, você já não tem mais uma
comunicação interpessoal. O que você tem é uma nova forma de comunicação de
massa. Será que é razoável que essa comunicação de massa seja protegida por criptografia
de ponta a ponta?"
Alcance
O
WhatsApp é utilizado por mais de 2 bilhões de pessoas em mais de 180 países.
Não há dados oficiais divulgados pela plataforma sobre o número de perfis
ativos no aplicativo no Brasil. Mas pesquisa Datafolha do ano passado apontou
que mais de 92% da população do país usa o serviço de mensagens. Ele é a rede
social preferida de mais de 40% das pessoas entrevistadas e predomina em todas
as faixas de renda.
Pesquisas
de consultoria em finanças e tecnologia indicam que a ferramenta alcança mais
de 165 milhões de brasileiros e brasileiras. Esse número coloca o país em
primeiro lugar entre as nações que mais usam a plataforma.
Já o
Telegram, de acordo com a Datafolha, alcançava em 2022 24% da população. O
aplicativo é usado por mais de 500 milhões de pessoas em 200 países.
Essa
imensa base de perfis faz com que as plataformas de troca de mensagens tenham
alcance considerável e se tornem terreno fértil para as notícias falsas. A
velocidade de propagação da desinformação e a certeza de que o destinatário vai
receber a mentira colocam essas ferramentas em posição de vantagem na comparação
com outras redes sociais.
Embora
as plataformas desenvolvam mecanismos para combater a circulação de mentiras, o
problema segue causando impacto considerável.
"Temos que discutir literacia (alfabetização)
digital. É um tema que tem que entrar nos currículos escolares. Não tem bala de
prata, não tem nenhuma medida que vai acabar com a desinformação de uma hora
para outra. É um processo e nós precisamos nos formar para termos um ambiente
comunicacional mais saudável na sociedade Brasileira", alerta Renata
Mielli.
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Com informações do Brasil de Fato.