O
município de Campos dos Goytacazes, no estado do Rio de Janeiro, teria a partir
do ano de 1921, uma das suas filhas mais aguerridas na luta contra o
preconceito e uma célebre ativista da causa negra - Mercedes
Baptista. Ainda na juventude e tendo que lhe dar com as poucas condições
financeiras adotou o Rio de Janeiro como espaço de moradia, vindo a trabalhar
de forma inicial como empregada doméstica. Experimentou desempenhar funções numa
gráfica e, posteriormente, numa fábrica de chapéus.
Conforme
apurou o portal Mamilus de Venus, Mercedes Baptista, também trabalhou como
bilheteira de cinema; nesse período se impressionou com os filmes que assistia,
os quais a motivaram para a dança. Ingressou na Escola de Dança do Teatro
Municipal do Rio de Janeiro, onde aprimorou sua arte com os principais mestres
da época: Yuco Lindberg e Vaslav Veltchek.
Em
1947, Mercedes Baptista foi admitida como bailarina profissional no Teatro
Municipal do Rio de Janeiro, tornando-se assim a primeira mulher negra a
ingressar como bailarina nesta casa de espetáculos. Durante essa sua nova fase,
Mercedes Baptista percebeu o preconceito racial que predominava no teatro, já
que poucas vezes era solicitada para as apresentações no palco
![]() |
Foto do musical Eros Volúpia de 1937. |
Não
conformada com o preconceito que imperava na época, Mercedes Baptista amadureceu
sua consciência política e se engajou no principal movimento de luta contra o
preconceito e o racismo; ingressou para o grupo do TEN – Teatro Experimental do
Negro, liderado por Abdias Nascimento. Em 1948, Mercedes Baptista foi eleita a
Rainha das Mulatas e, em 1950, ingressou no Conselho de Mulheres Negras.
Katherine
Dunham, dançarina americana, coreógrafa, compositora, autora, educadora e
ativista na luta contra o racismo, era reconhecida mundialmente como: “Mãe – Rainha – Matriarca da Dança Negra”.
Mercedes
Baptista, em 1950, foi convidada por Katherine Dunham e conquistou uma bolsa de
estudos em Nova York. De volta ao Rio de Janeiro, fundou o Ballet Folclórico
Mercedes Baptista, um elenco formado exclusivamente por bailarinos negros,
dedicados à divulgação da cultura afro-brasileira. O Grupo conquistou
notoriedade quando se apresentaram em turnês pelos quatro cantos do mundo.
Com
o prestígio conquistado, Mercedes Baptista introduziu como disciplina a dança
afro-brasileira, na Escola de Dança do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A
partir de 1960, Mercedes Baptista, foi responsável pela coreografia do desfile
de escolas de samba, estreou com os Acadêmicos do Salgueiro, para o tema “O
Quilombo dos Palmares”.
Mercedes
Baptista coreografou para cinema, televisão e teatro; ministrou cursos em Nova
York e na Califórnia. Em 2007 foi lançado o livro “Mercedes Baptista” -a criação da identidade negra na dança -, de
autoria de Paulo Melgaço da Silva Júnior, publicado pela Fundação Cultural
Palmares.