A
presidenta Dilma Rousseff pediu nesta terça-feira (28) que a população
brasileira participe do seu governo com opiniões e críticas, ao lançar uma nova
plataforma na internet, intitulada Dialoga Brasil, para acolher sugestões sobre
programas governamentais, e solicitou a colaboração das pessoas com "muita humildade".
Na
opinião da presidenta, é preciso "usar internet a favor do debate, da
criação de consensos transformadores". Ela destacou a importância da
participação popular. "O governo
precisa escutar comentários, observações, críticas, sugestões e propostas sobre
todos assuntos. Vamos lutar para que esse processo crie vínculos e, nas suas
sugestões, crie caminhos novos, melhores, aperfeiçoados. É isso que devemos
para o nosso Brasil", disse.
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É preciso usar internet a favor do debate, diz Dilma, defendendo a participação popular. Foto: Wilson Dias/AB |
"Quando a gente cria um consenso, quando é
capaz de criar uma opinião comum entre nós, nós temos um poder transformador
imenso. E quero concluir dizendo o seguinte, com muita humildade: o governo
precisa que vocês participem", afirmou Dilma.
Dilma
participou, ao lado de ministros, do evento de lançamento do site, que foi
organizado no formato de um programa de televisão. De frente para um auditório,
com a participação de membros de conselhos da sociedade civil, ela ouviu de
integrantes do governo explicações sobre como vão funcionar os primeiros
debates sobre quatro temas: segurança pública, saúde, redução da pobreza e
educação.
Além
de lembrar que assumiu o diálogo como compromisso do segundo mandato, Dilma
disse que o primeiro compromisso de um governo deve ser "escutar, ouvir,
receber sugestões, aceitar comentários e críticas". Segundo ela, nenhum
programa governamental foi bem-sucedido sem que se tivesse analisado
"sistematicamente" as falhas, "onde é que a gente
melhorava".
Ao
citar um exemplo de programa criado após a participação das pessoas, a
presidenta lembrou do Mais Médicos, criado a partir de uma "grande
reclamação" que havia sobre a assistência básica de saúde em pequenas
cidades e também nas metrópoles. “Passamos
a estudar o assunto, pensar sobre ele, discutir com as pessoas. Muitas
disseram: 'não foi, não saiu da cabeça mágica de alguém', escutamos muitos. Se
alguém não havia escutado antes, é porque não abriu os ouvidos”, disse.
"Aprendemos ao longo do caminho algumas
coisas: é muito difícil governar um país da dimensão do Brasil sem ouvir
pessoas. Sem perceber que as grandes iniciativas que tivemos até agora, quase
todas, vieram através de momentos de participação popular, de diálogos,
criticas, comentários sobre a situação do país", afirmou Dilma.
De
acordo com a presidenta, o Dialoga Brasil é a continuidade dessa política de
ouvir e acatar sugestões, mas agora de um modo "mais bem formulado".
Após citar a experiência que teve o governo na construção do Programa Minha
Casa, Minha Vida, com a ampliação do número de moradias pouco a pouco, Dilma
reconheceu a importância de aceitar opiniões contrárias: "a crítica é interessante porque sempre tem
de ser olhada por nós com respeito. Ela tem de ser olhada com base na história,
o que leva a ela”.
O
Dialoga Brasil (dialoga.gov.br), canal de comunicação do governo com a população
na internet, foi criado para estimular a participação digital nas atividades
governamentais. Uma das novidades é que a população poderá conversar com os
ministros via bate-papo online, pelo site da plataforma.
Após
a participação dos ministros, algumas sugestões colocadas no site foram lidas
ao vivo durante o evento. Uma das intervenções dizia respeito à violência
sofrida atualmente por jovens negros, sobre a qual Dilma comentou: "este
país viveu a escravidão, uma das maiores manchas. E ela só pode ser colocada no
passado se formos capazes de, no presente, estabelecer a igualdade racial. Tem
uma coisa extremamente valiosa que eu disse na época da Copa do Mundo, que
acredito que temos um país com autoestima da sua diversidade étnica. O país dá
um passo à frente quando se reconhece como um país multiétnico. E isso é um
elemento que temos que usar a favor do processo de superação do preconceito e
intolerância".