O
plenário da Câmara Municipal de Santana do Cariri foi palco na manhã deste
sábado, 28, da cerimônia de posse do professor e escritor Raimundo Sandro
Cidrão.
O
evento que contou com a participação de todos os acadêmicos e acadêmicas que compõem a Academia
de Letras do Brasil/Seccional Regional Araripe, de professores/as, representantes do
poder legislativo local, radialistas e jornalistas do cariri, além do
presidente da seccional Araripe, o poeta Adriano de Sousa, oficializou o
assento de Sandro Cidrão na Cadeira nº 12.
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Professor Sandro por ocasião de sua posse na Academia de Letras. (Foto: Professora Lucélia Muniz). |
No
seu discurso, o recém empossado contou porque escolheu Generosa Amélia da
Cruz como sua Matrona. Segundo ele, já há pesquisas em andamento acerca da homenageada
e que muitos dos documentos, “alguns inéditos” (disse), foram conseguidos na Câmara.
Para ele, dentre as principais características de Dona Generosa como passou a
figurar no imaginário dos que a conhecia, estava a solidariedade, a coragem e
devoção.
De
acordo com Sandro, um dos maiores desafios enfrentados por Generossa foi quando
seu esposo e tio o coronel Felinto da Cruz Neves morreu. Felinto tinha sido
eleito prefeito de Santana do Cariri em 1936 e foi “traiçoeiramente
assassinado” por seus adversários políticos. No discurso, o escritor mencionou
ainda que Generosa assumiu a responsabilidade para si e passou a administrar o
município (na época não havia vice) tendo que “dar continuidade ao trabalho de
seu esposo”. O fato permitiu que ela entrasse para os anais da política
figurando como a primeira prefeita do município e a segunda do Brasil.
A
Matrona também dedicou parte de sua vida a educação e aos ensinamentos ligados a
religiosidade utilizando, conforme pontuou o escritor, sua própria casa para
ensaios da coroação, lapinha e das festas da padroeira.
Já
velha e adoentada, “com sapiência e justiça, em seu testamento, deixou o
Casarão para a Diocese de Crato, para fins religiosos e culturais. A Diocese,
alegando não ter recursos para sua manutenção, o devolveu à família
“Cruz”. Como expressava esse documento,
nesse caso ficaria o imóvel, que outrora foi lar, templo, escola e fortaleza,
como um bem perpétuo para os familiares, que fosse passado de geração para
geração. Dona Generosa veio a falecer, lúcida e serenamente no dia 18 de agosto
de 1961, com 89 anos. Seu corpo encontra-se sepulto no Cemitério São Miguel em
solo santanense, no jazigo da família", disse ele.
Por
fim, Sandro dedicou alguns minutos do tempo para falar do orgulho que tem em
fazer parte da Academia e afirmou que só a educação aliada à cultura é o
caminho plausível para transformação da sociedade e a construção de um pais
melhor.
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Professor Nicolau Neto em discurso durante o ato de posse do escritor Raimundo Sandro Cidrão na Academia de Letras. (Foto: Professora Lucélia Muniz). |
Ainda
discursaram o presidente da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe-CE,
Adriano de Sousa, que fez um apanhado do histórico de contribuição em várias
áreas do conhecimento do professor Sandro, o presidente do legislativo
municipal, o vereador Arclébio Dias e este blogueiro, professor e ativista dos
direitos civis e humanos das populações negras. No ensejo, falei sobre a importância
que a Academia tem para a educação e a cultura e que é necessário que seus
acadêmicos e acadêmicas realizem um trabalho sistemático e contínuo de pesquisa
principalmente sobre a história e a cultura do cariri e que o material construído possa
servir de apoio pedagógico às escolas, carentes de conhecimentos científicos nessa área.