19 de maio de 2025

Descaso ou Proteção Política? O caso da gestora perpetua práticas de autoritarismo e assédio moral na Educação de Juazeiro

 

Professoras(es) e estudantes protestam em frente a EEEP Professor Moreira de Sousa. (FOTO | Reprodução).

As denúncias sobre o Assédio Moral que ocorre na EEEP Professor Moreira de Sousa vieram a público em abril deste ano, mas ocorrem há muito tempo. A Diretora Nágila Kellen tem repetido a conduta abusiva nas escolas que passa. No ano de 2012, na escola Polivalente, a gestora foi responsável pela expulsão de um aluno sem justificativa. O próprio estudante, Lucas Brito, relembrou o ocorrido: “Fui à Crede e a resposta foi a mesma que todos recebem quando reclama algo dela”. Lucas se refere às devolutivas evasivas que a Crede 19 tem apresentado no decorrer destes anos sobre os abusos cometidos pela gestora.

A mãe do estudante, a senhora Magali Oliveira, afirma: “Essa senhora a décadas faz o que quer na Educação do Juazeiro, no ano de 2012 expulsou meu filho do Polivalente, por ser questionada por ele acerca da qualidade do ensino e da merenda escolar”. Magali acrescentou que após a expulsão: “ela no dia seguinte (...) contratou um segurança para impedir a entrada do meu filho, que na época tinha 17 anos”.

Esse caso gerou grande repercussão e foi noticiado pelo programa de televisão Rota. O aluno só conseguiu retornar à escola com o apoio de várias manifestações dos colegas, e depois que sua mãe apelou para Vara da Infância e da Juventude. Lucas Brito esclareceu: “Voltei com uma liminar do promotor da Educação, o oficial de justiça entregou à escola a decisão e no dia seguinte voltei, ao todo ela conseguiu me impedir de ir a escola mais de 10 dias.” Lucas recorda ainda que, na época, o conselho escolar foi convocado sem que ele fosse chamado para prestar esclarecimentos ou apresentar sua versão dos fatos. Uma ata, segundo ele, repleta de inverdades a seu respeito, foi elaborada pelo próprio conselho, que ainda teria coagido sua mãe a assiná-la. O documento também o dispensava de realizar as avaliações do 4º bimestre — o que, segundo Lucas, fazia parte de uma estratégia para afastá-lo das atividades escolares. Para ele, o episódio evidencia o uso autoritário do conselho escolar pela diretora, que o utilizava como instrumento para impor seus desmandos.


(FOTO | Arquivo pessoal | Professora Krishna).

A gestora foi removida do Polivalente e assumiu o cargo na gestão do Liceu de Juazeiro em 2014. Em 2015, foi novamente alvo de reclamações da comunidade escolar, pela conduta autoritária. Em Ouvidoria realizada no dia 20 de junho de 2015, protocolo 0581722, uma estudante denuncia um novo caso de abuso de autoridade. Nas palavras da estudante: “Um ex aluno foi “convidado” da forma mais grotesca possível a se retirar da escola porque uma “lei”, que não nos foi divulgada, não permite sua presença na instituição, isso ocorreu com um outro aluno”.

Em 11 de dezembro de 2015 o ex-aluno externou em sua rede social uma situação vivenciada nas dependências do Liceu de Juazeiro: “Hoje passei por algo que jamais esperei: fui expulso da minha própria "casa" (ou a 2ª casa, como normalmente dizem). Algo COMPLETAMENTE desnecessário, não profissional e infantil. Uma hostilidade gratuita (já começando pela própria direção), mostrando claramente que o poder em mãos erradas causa sérios ferimentos a todos ao redor”. O aluno justifica que estava na escola como “convidado por uma das minhas antigas professoras para que a ajudasse em uma pesquisa e eu, como técnico da área (formado por essa mesma instituição), não recusei a ajuda”.

Em dezembro de 2015 os estudantes enviaram uma nota ao portal de notícias Cariri, como eu vejo, afirmando: “Estamos muito insatisfeitos com a administração do núcleo gestor. O mesmo vem agindo de forma abusiva e totalmente não profissional, pois é perceptível tamanha falta de responsabilidade , visto que suas decisões são tomadas de forma pessoal e de interesse particular. (...) Estamos totalmente decepcionados com o rumo que nossa escola está tomando. É por isso que vinhemos por meio deste informar e solicitar, se possível, a presença de vocês na mobilização que vamos fazer (...).” Em 14 de dezembro de 2015, o site Cariri, como eu vejo, noticiou o protesto dos alunos do Liceu de Juazeiro contra os cortes de professores na instituição de forma injustificável.


(FOTO | Facebook do Cariri Como eu Vejo).

Situações semelhantes ocorrem na EEEP Professor Moreira de Sousa, situações estas que estão sendo relatadas desde 2016. Professores, alunos e funcionários têm feito ouvidorias sobre abuso de autoridade, intimidação e assédio moral. Diante da repercussão do caso, mesmo com a ausência da diretora que está de atestado médico por tempo indeterminado, as práticas de assédio permanecem. O núcleo gestor, desde a denúncia executada pela professora sobre as irregularidades na eleição do conselho escolar e o assédio moral que tem sofrido os professores, têm realizado um processo de censura na escola.

Os estudantes têm sido chamados para reuniões a portas fechadas com a gestão e funcionários da Crede 19, em que são “orientados” a não falar sobre o assunto, pois isso pode lhes prejudicar. Os alunos do Grêmio Estudantil também foram alvo de silenciamento. A gestão da escola afirmou categoricamente, em uma outra reunião a portas fechadas com os alunos, que o Grêmio Estudantil é uma instituição da escola, e como tal, não deve se posicionar neste caso. Os estudantes indicam que a gestão reforçou em diversas situações a necessidade do grêmio ser NULO. E que o tema das denúncias de Assédio Moral não devia ser abordado no debate das chapas para eleição da nova diretoria do grêmio escolar. Estes membros da gestão e da Crede 19 parecem ter se esquecido que a Lei do Grêmio Livre, decretada em 1985, garante a autonomia deste colegiado, assim como se refere ao Grêmio como um órgão de representação dos estudantes, que pode e deve se posicionar nos fatos que ocorrem na escola.

O mais novo absurdo ocorreu durante as reuniões de pais e mestres que ocorrem bimestralmente na escola Moreira de Sousa. Tradicionalmente a reunião se divide em dois momentos, um com a gestão e outro apenas com o professor diretor de turma. Este ano este modelo foi alterado. A reunião de duas turmas, que seriam conduzidas por professoras que têm denunciado a conduta de assédio moral, contou com a participação de um membro da gestão. A estudante Maria Clara, que esteve presente nesta reunião declarou: “Uma falta de senso enorme a gente se sentir “monitorado” em uma reunião de pais, eu como aluna tiro por mim, e até meu pai falou e outros pais. Que lógica é essa a reunião de pais a substituta da diretora estar presente?”

Após as reuniões, alguns alunos e pais manifestaram sua insatisfação com o ocorrido na reunião de pais e mestres. No dia seguinte, a resposta da gestão a esses questionamentos foi fechada. Uma mãe de aluna, a senhora Lucileide, demonstrou sua indignação: “Falta de profissionalismo da parte da gestão, o grupo dos pais precisa ser um grupo aberto para termos a liberdade de nos comunicarmos, para saber o que está acontecendo na escola com nossos filhos”.

Atualmente a escola está passando por uma sindicância.Mesmo assim a diretora ainda não foi afastada oficialmente pela Crede 19. Diante dos abusos que continuam acontecendo na EEEP Professor Moreira de Sousa e questionamos, o que tem sustentado essa gestão por tantos anos na Educação Juazeirense? Que motivos levam a esse esforço hercúleo em implantar a lei da mordaça na escola? E até quando as autoridades irão silenciar perante tantos abusos de autoridade, intimidação e censura?

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Texto do Movimento Moreira Livre e enviado a redação do blog pela professora Krishna.

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