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Darlan Reis Jr. (FOTO/ Reprodução/ Facebook). |
Em 1500 começaram uma história trágica, de exploração, escravidão, extermínio, colonização.
Em
1822 inventaram um novo país, depois inventaram a nacionalidade, mas
subordinada aos interesses escravocratas, ao latifúndio, ao extermínio, aos
países estrangeiros.
Em
1889 proclamaram a República, mas o país continuou a ser do coronelismo, da
enxada e do voto, subordinado ao Imperialismo, fase última do Capitalismo.
A
herança daquilo tudo ficou: latifúndio, miséria, racismo, favelização nas
grandes cidades, desigualdades regionais aprofundadas.
Em
1943 foi criada a CLT, porém para poucos trabalhadores, e os camponeses
explorados ficaram de fora. Também nessa época houve investimento estatal,
criação de grandes empresas, mais tarde privatizadas de forma criminosa.
Em
1960 inauguraram Brasília, símbolo de um modelo econômico do subdesenvolvimento
totalmente subordinado aos EUA, mas vendido pela mídia e muitos políticos como
a "Era dourada".
Nunca
fizeram a reforma agrária de fato, com profundidade. Nunca mexeram nos
privilégios da burguesia que surgiu por aqui, herdeira da antiga Casa Grande.
Ainda tivemos uma ditadura militar-empresarial (1964-1985) que aumentou as desigualdades e instalou o terrorismo de Estado. E até hoje, devido à uma "lei de anistia" e aos fracos governos ditos de "Esquerda", os criminosos do Estado jamais foram punidos.
Não
foram enfrentados até hoje o latifúndio, o subdesenvolvimento capacho dos EUA,
a política criminosa de privatizações, a concentração de riquezas, a
necessidade de taxar as grandes fortunas, o problema das favelas e do
saneamento básico.
Não
obstante, muita gente lutou e conseguiu aqui e acolá, algumas vitórias para o
povo brasileiro.
Mesmo
assim, alguns problemas permanecem e não serão resolvidos apenas com slogans
sobre "saúde e educação". E muito menos com eufemismos, com certos
pudores, como por exemplo, não chamar a classe dominante pelo que ela é: exploradora,
burguesia entreguista.
Somos
um país de Terceiro Mundo, somos subdesenvolvidos, não somos
"emergentes". Temos que enfrentar o latifúndio, seja
"agronegócio" ou improdutivo.
Temos
que nos organizar para além de eleições, além delas, não só com elas. Temos
muito a fazer, mas penso que é preciso entender a herança que herdamos e o presente
que ajudamos a construir.
Temos
que entender que somos "classe trabalhadora" e não "classe
média, classe média baixa, classe C, classe D etc". Que o problema não
está no salário de funcionário público ser maior do que na inciativa privada,
mas sim no baixo salário que os patrões pagam no mundo privado.
Temos
que entender que a luta não é só "Direita X Esquerda", ou
"Conservadores X Progressistas", mas sim trabalhadores, explorados,
os de baixo contra os de cima, essa burguesia podre, essa classe dominante, que
o problema não são somente os políticos, que na verdade eles são os
representantes dessa classe dominante na maior parte das vezes.
Soberania
e poder de classe são elementos que devem unir a maior parte dos brasileiros. É
o que eu penso.
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Darlan Reis Jr é
professor Associado da Universidade Regional do Cariri, Departamento de
História. Doutor em História Social pela Universidade Federal do Ceará. Tem
experiência na área de História, com ênfase em História Social, atuando
principalmente nos seguintes temas: mundos do trabalho, história agrária, lutas
sociais, escravidão, pobreza, direitos de propriedade, trabalhadores e suas
resistências. Líder do Núcleo de Estudos em História Social e Ambiente - NEHSA,
grupo de pesquisa cadastrado no CNPq. Coordenador do Centro de Documentação do
Cariri (CEDOCC). Coordenador do Curso de Graduação em História - manhã. Desde
junho de 2017 é pesquisador vinculado ao INCT-PROPRIETAS. É Mestre em História
Social pela Universidade Severino Sombra e Graduado em História pela Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de Volta Redonda - UGB (1994).
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