A
noite desta terça-feira (16) marcou uma derrota para as bancadas femininas da
Câmara e do Senado. Na retomada da votação da reforma política, a proposta que
garantia reserva de vagas para as mulheres foi rejeitada mesmo com 293
favoráveis, 101 contrários e 53 abstenções. O texto precisava de 308 favoráveis
para que fosse aprovado.
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Por uma diferença de 15 votos, cotas para mulheres não passa. |
"Quinze votos. Esse é o número que faltou
para nós, mulheres, mudarmos na reforma política o jogo político injusto e
machista. Vai demorar para Brasília deixar de ser a terra dos engravatados. Mas
esse dia chegará, junto da luta de todas nós", afirma a deputada
Jandira Feghali (RJ), líder do PCdoB na Câmara.
Para
a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), negar a cota mínima das mulheres foi uma
demonstração de “conservadorismo, machismo e medo”.
Hoje,
as mulheres ocupam menos de 10% das vagas da Câmara, com 51 deputadas, não
conseguem acesso ao fundo partidário e ao tempo de rádio e TV para viabilizar
suas campanhas. De acordo com dados da cartilha “+ Mulheres na Política”,
em 188 países pesquisados, quase a totalidade adota algum tipo de cota para
garantir maior participação feminina na política. Na Alemanha, por exemplo, os
quatro maiores partidos reservam entre 30 e 50% das vagas para as mulheres.
O
texto debatido na Câmara previa a reserva de vagas para as mulheres nas
próximas três legislaturas. Na primeira delas, de 10% do total de cadeiras na
Câmara dos Deputados, nas assembleias legislativas estaduais, nas câmaras de
vereadores e na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Na segunda legislatura,
o percentual subiria para 12% e, na terceira, para 15%. As vagas deveriam ser
preenchidas pelo sistema proporcional. Se a cota não fosse preenchida, seria
aplicado o princípio majoritário para as vagas remanescentes.
Durante
as discussões em Plenário, diversos deputados defenderam as cotas. A deputada
Luciana Santos (PCdoB-PE) disse que as mulheres já conquistaram marcos legais
importantes, como as leis Maria da Penha e do Feminicídio. “Mas ainda precisamos enfrentar o modelo
político que exclui a participação das mulheres”, disse ela, recordando o
papel decisivo de uma das figuras mais significativas do feminismo no Brasil, a
bióloga Bertha Lutz, que conquistou o direito da mulher de votar em 1932.
Mais
cedo, um ato para lançamento da segunda edição da cartilha “+ Mulheres na Política”
reforçou o pleito das parlamentares com participação da ministra da Secretaria
de Políticas para as Mulheres, Eleonora Menicucci, e da representante da ONU
Mulheres, Nadine Gasman. Na ocasião, a ministra afirmou que “não existe sociedade ou projeto democrático
sem igualdade de gênero”, em referência à necessidade de aprovação da cota.
A
expectativa é que as votações do Senado e o segundo turno na Câmara ainda
possam reverter o resultado desta noite.
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