Preservar a memória de um período autoritário e cruel vivido por muitos brasileiros, de 1964 a 1985, é uma das funções do Portal Memórias da Ditadura, lançado nesta sexta-feira (5) pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR), no auditório do Ministério da Educação em Brasília.
O portal, produzido pelo Instituto Vladimir Herzog em parceria com o Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a SDH/PR, apresenta informações
sobre a história da ditadura militar e dos movimentos resistentes,
documentários, livros, mapas e depoimentos.
Para
o diretor do Instituto Vladimir Herzog, Ivo Herzog, filho do jornalista
torturado e assassinado pelo regime militar, o portal, que levou um ano para
ficar pronto e contou com uma equipe de mais de 20 especialistas, aborda a
ditadura de forma ampla. "A ideia é
criar um ambiente referência da história da ditadura do Brasil".
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Ana Wanzeler esteve presente no lançamento do Portal da Ditadura, idealizado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Foto: Elisabete Alves. |
A
cultura do período pode ser amplamente vista nos filmes lançados na época e
sobre a ditadura, disponíveis no site. No lançamento, a ministra da Cultura interina,
Ana Cristina Wanzeler, elogiou a iniciativa, pois lembrou que, quando era
estudante, tinha dificuldade de acesso a essas produções e falou da importância
da preservação dessa memória. "Esperamos
sempre que o conhecimento da História sirva de aprendizado para que possamos
evitar uma repetição de erros do passado. Lembrando a canção ‘Vai Passar', de
Chico Buarque, é fundamental para a democracia e para o futuro do Brasil que as
violações dos Direitos Humanos não sejam ‘passagens desbotadas na memória das
nossas novas gerações'. A cultura tem essa contribuição para dar, e este é
nosso norte para as políticas públicas de fomento no Ministério da Cultura",
afirmou a ministra.
O
site traz, ainda, uma área de apoio a educadores, com planos de aula, material
didático e sugestões diversas sobre o ensino do tema. A ideia é servir de subsídio para
professores. "A democracia começa a
ser construída a partir da escola pública (...) não é uma história positiva,
mas podemos fazer uma grande reflexão", defendeu o ministro da
Educação, José Henrique Paim.
A
secretária de Políticas para as Mulheres (SPM), Eleonora Menicucci, emocionou
os presentes com seu discurso, lembrando que foi torturada e presa junto com a
presidenta Dilma Rousseff. Eleonora foi
ovacionada de pé. "Só nós que vimos
sangue ser derramado, vidas sendo perdidas e tivemos nossos corpos manchados
pela ditadura, sabemos o que foi esse período (...). Esse portal é o
instrumento mais vivo e concreto para que a memória não se apague".
O
lançamento integra a Quinzena pelos Direitos Humanos, promovida pela SDH/PR, em
reconhecimento ao Dia Internacional dos Direitos Humanos, celebrado em 10 de
dezembro.
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