A
Câmara aprovou na noite desta terça-feira a proposta que susta o decreto da
presidente Dilma Rousseff que regulamenta os conselhos populares. Tendo em mãos
a promessa da oposição de obstrução das votações da Câmara enquanto não fosse
votada a matéria, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN),
convocou a sessão extraordinária para votá-la, contrariando o governo federal.
Tentando evitar o pior, o governo obstruiu o processo de votação para tentar
inviabilizar derrubada, mas não conseguiu.
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Deputados da oposição comemoram a derrubada de decreto presidencial. André Coelho/ O Globo. |
Henrique
Alves fez questão de conduzir com mãos de ferro a votação, cobrando pressa nas
manifestações e encaminhamentos dos líderes contrários à medida. Agora, a
derrubada do conselhos ainda terá que ser votada pelo Senado.
—
Essa derrota é educativa. É para mostrar que o discursos do diálogo, de
conversa com o Congresso Nacional, não pode ficar só na teoria, tem que acontecer
na prática — afirmou o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
Nos
bastidores, líderes aliados atribuíram a atitude do presidente da Câmara à
derrota sofrida no último domingo, quando perdeu a eleição para o governo do
Rio Grande do Norte com a ajuda dada pelo PT e pelo ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva a seu adversário, Robinson Faria (PSD). Uma das expressões mais
repetidas no dia em conversas reservadas, para classificar a atitude de
Henrique, foi que ele voltou para a Câmara, “com sangue nos olhos” e sem dar espaço para conversas ao líder do
governo, Henrique Fontana (PT-RS), que queria evitar a votação do decreto.
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Henrique Eduardo Alves contraria governo e coloca em pauta votação contra o decreto de Dilma que cria os Conselhos Populares. André Coelho/ Agência O Globo. |
Henrique
negou que tenha agido em retaliação ao que aconteceu na eleição. Disse que há
três meses ele tinha avisado que a votação do decreto era uma de suas
prioridades e apenas estava cumprindo a promessa. Ele sustentou que a oposição
deixou claro que não votaria nada antes da votação do decreto.
—
Se eu aceitar passivo, essa Casa não vota mais nada até o final do ano. Essa
questão tem que ser decidida no voto. Quem tiver votos para ganhar, parabéns.
Quem não vencer, tem que respeitar o resultado. Como presidente eu já disse, há
três meses, que o decreto seria uma pauta prioritária — disse o presidente da
Casa antes da votação, negando a retaliação ao PT. — Seria desinformação, que
se pensasse assim. Há três meses tenho incluído o decreto como item prioritário
na pauta.
Mesmo
ciente de que seria derrotado, o governo não quis abrir mão e retirar o decreto
do Congresso Nacional, o que evitaria a derrota em plenário. Há três meses,
antes do início da campanha eleitoral, Henrique Alves sugeriu que a presidente
Dilma Rousseff retirasse o decreto e mandasse a proposta por meio de
projeto-lei com a medida. O governo não aceitou. Segundo aliados, o governo não
queria mostrar fraqueza. A mesma proposta foi feita por aliados depois da
eleição já ganha por Dilma, mas o governo continuou irredutível.
Mais
cedo, o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (RS) disse que os que
querem derrubar o decreto de Dilma deveriam garantir o quórum na votação. A
oposição, com a ajuda de partidos da base aliada, entre eles o PMDB, conseguiu
aprovar a urgência do decreto. Na votação desta terça, é necessária a presença
de pelo menos 257 deputados em plenário. O decreto é aprovado por maioria simples.
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—
Se eles (oposição) querem derrubar o decreto, que coloquem o número de votos
necessários — disse Fontana.
O
decreto 8.243/2014, da presidente Dilma Rousseff, cria a Política Nacional de
Participação Social (PNPS) e diz que o objetivo é “consolidar a participação social como método de governo” que
determina aos órgãos governamentais, inclusive as agências de serviços públicos,
promover consultas populares.
Na
prática, a proposta obriga órgãos da administração direta e indireta a criarem
estruturas de participação social. O decreto lista nove tipos de estruturas que
devem ser utilizadas: conselhos de políticas públicas; comissão de políticas
públicas; conferência nacional; ouvidoria pública federal; mesa de diálogo;
fórum interconselhos; audiência pública; consulta pública; e ambiente virtual
de participação social.
Via
O Globo
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