4 de fevereiro de 2025

Uma política da palavra para os municípios

 

Alexandre Lucas. (FOTO | Reprodução).

Por Alexandre Lucas, Colunista

Instituir a política do livro, da literatura e da leitura nos municípios é parte estruturante do Sistema Nacional de Cultura e da Política Nacional para o setor que vem sendo retomada pelo Governo Federal. Planejar de forma intersetorial a cadeia produtiva e fruitiva da palavra é essencial para reoxigenar a economia editorial e a ampliação e o   reposicionamento do olhar social e crítico.

O segmento da palavra é gigantesco: escritores, revisores, designers, produtores, livreiros, pesquisadores, bibliotecários, roteiristas,  contadores de histórias, rappers, slammer, compositores, cordelistas, programadores, ilustradores, empresários, gestores, etc.

Instituir uma política para o setor é democratizar o acesso da palavra como instrumento de  construção de uma cultura leitora para as camadas populares historicamente excluída do acesso ao livro e a pluralidade e diversidade de leituras e literaturas.

O acesso a leitura e  literatura  deve ser percebida como um direito necessário a vida humana, essa premissa dever partir da compreensão que a palavra é uma construção histórica e social que carrega  parcialidade e reflete as relações dos seres humanos. A palavra neste sentido re-elabora o pensamento, reproduz e contesta as dimensões da opressão e da exploração.

A Hegemonia  da palavra tem vinculação com  os detentores do poder político e econômico,  as grandes editoras, tvs, as Big techs e quem pode pagar para ter acesso. É na contramão desta lógica que se justifica a criação uma política do livro, da literatura e da leitura, ou seja, ampliar em larga  escala o acesso para classe trabalhadora. O livro e a fruição da palavra tem caber dentro do orçamento da cesta básica e da festa do final de semana.

As escolas públicas,  por sua vez,  devem ser reconhecidas como os principais equipamentos culturais para as filhas e os  filhos da classe trabalhadora. Os espaços de leituras nas escolas  devem ser tratados com importância para a apropriação dos conhecimentos, das estéticas e das filosofias,  não deve  ser percebido como depósito de velharias e de profissionais em finais de carreira. Os espaços de leitura ou bibliotecas escolares  necessitam dos profissionais da palavra para sacudir o silêncio, a previsibilidade literária e inquietar processos criativos e a leitura da realidade. É o espaço do encontro do classico e do contemporâneo, do erudito e do coloquial , do hibridismo cultural e da linguagem.

Estabelecer a política de estado para os segmento da palavra,  rompendo com a concentração do acesso para os privilegiados e os moradores do céu,  as estrelas, se faz necessário como parte da luta pela  transformação social, em que a palavra é alimento para o  mastigamento social, a  resistência política e  emancipação humana para classe trabalhadora.

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