Dilma
ganhou uma boa notícia sem fazer força neste final de semana: a definição de
Marina como vice de Campos.
No
mundo político, Marina foi o nome menos atingido pelos protestos iniciados em
junho passado.
Sabe-se
lá por que, ela foi identificada por muitos dos manifestantes como diferente de
tudo que estava ali, numa política que subitamente deu merecidos engulhos nos
brasileiros.
![]() |
Eduardo Campos e Marina Silva |
O
extraordinário favoritismo de Dilma foi desafiado nas jornadas de junho. Os
tucanos foram igualmente, como Dilma, objeto de desconfiança e restrições.
Marina foi a exceção.
Uma
eleição com ela seria uma coisa. Sem ela, outra, muito mais disputada.
Aconteceu a segunda hipótese. Primeiro, ela não conseguiu colocar de pé seu partido.
Depois,
encontrou abrigo numa aliança com Campos. Mas, ainda que tenha muito mais votos
que ele, como sucessivas pesquisas mostraram, coube a ela, como ficou definido
neste final de semana, um lugar secundário, o de vice.
Vice é vice. Como num campeonato, vale pouco, ou não vale nada.
Nada
sugere que Campos seja capaz de deslanchar, com ou sem Marina como vice. Ele
teria que estar falando alguma coisa de novo. Poderia repetir frases de
Francisco, o papa, sobre a desigualdade. Poderia aparecer com o celebrado livro
de Piketty e dizer que ali está o maior desafio do Brasil – a abjeta iniquidade
social.
Mas não.
Alguém
o viu falando sobre a necessidade de cobrar mais impostos dos ricos, para
minorar a distância entre o 1% e os 99%? Não. E ninguém verá.
Bachelet,
no Chile, colocou o aumento dos impostos em sua campanha. Nesta semana, avisou
que não abre mão deste compromisso.
Campos,
enquanto isso, repete platitudes, muitas delas inspiradas em Aécio. Coube a
Marina dar um quase cala boca neste namorico entre Campos e Aécio ao lembrar
que o PSDB tem cheiro de derrota no segundo turno.
Campos
pode não falar nada de novo, mas repetir Aécio é ir da pobreza à extrema
indigência eleitoral.
A
rigor, nenhum candidato fala nada de relevante a respeito de seus planos.
Regulamentação da mídia parece que é exclusividade de Lula, por exemplo.
Quando
Aécio falou, prometeu medidas impopulares, algo que com certeza lhe será
cobrado nos debates.
A
Petrobras parece ter saído da agenda, depois que, primeiro, se viu que a
empresa cresceu extraordinariamente nos últimos dez anos. Depois, quando se
falou em levar as investigações até o período FHC.
O
que temos até aqui um blablablá.
Só
que os lugares comuns, quando compartilhados,
favorecem quem está na ponta.
Marina,
mesmo com suas frases pomposas e frequentemente sem sentido, poderia atrapalhar
Dilma.
Mas
vai fazer pouco mais que número, como vice de Campos.
Dilma
pode tomar uma taça de vinho neste final de domingo. Deu um passo para a
reeleição sem se mexer.
A
análise é de Paulo Nogueira e foi publicado originalmente no Diário do Centro
do Mundo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!