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Empresa reuniu Renan e seus familiares em sociedade |
Renan
Calheiros (PMDB-AL) e sua família injetaram R$ 300 mil em dinheiro vivo em uma
empresa imobiliária que funcionou por cerca de um ano. O parlamentar, eleito
presidente do Senado em fevereiro prometendo total transparência em sua gestão,
não quis comentar a operação.
Batizada
de Tarumã Empreendimentos Imobiliários Ltda., a empresa foi aberta depois das
eleições de 2010 em uma sala no Lago Sul de Brasília. Ela reuniu o parlamentar
peemedebista e dois filhos na sociedade. O objetivo declarado era
"administrar a compra e venda de imóveis próprios ou de terceiros".
Segundo
documentos da Junta Comercial do Distrito Federal, Renan colocou inicialmente
no negócio R$ 9 mil. Seus filhos Rodrigo e Rodolfo Calheiros entraram com R$
500 cada. O contrato social da empresa foi assinado em 8 de dezembro de 2010.
Porém, o registro da junta é de 22 de fevereiro de 2011.
Cinco
meses depois, em 21 de julho, Renan deixou oficialmente a sociedade e cedeu
lugar à mulher, Maria Verônica, que se associou ao empreendimento depois de
aportar R$ 290 mil "em moeda corrente nacional" no negócio.
Desde
9 de janeiro de 2012, a empresa consta como extinta na base da Receita Federal,
antes de completar oficialmente um ano.
Atividade
privada. Renan manteve silêncio sobre o assunto. Disse que as operações da
Tarumã são "pessoais e uma atividade privada". Legalmente, ele não
tem obrigação de dar explicações sobre a abertura e a extinção da empresa. A
operação teve de ser declarada à Receita Federal. Ela não deverá aparecer,
porém, em sua declaração à Justiça Eleitoral, que é pública. Como o negócio foi
realizado após a eleição de 2010 e antes da eleição do ano que vem - quando
deverá se candidatar ao governo de Alagoas -, ele não precisará constar de sua
declaração de bens obrigatória de bens.
"Se
o ovo da serpente é o sigilo, então vamos aplicar uma overdose de transparência
e controle social", disse ele na posse do comando do Senado, num dos
quatro discursos em que prometeu "transparência".
Casada
com o senador, a artista plástica Verônica compartilha com Renan os mesmos bens
e propriedades. Em 2010, o hoje presidente do Senado declarou à Justiça
Eleitoral patrimônio de R$ 2,1 milhões, com um apartamento em Maceió, uma casa
em Barra de São Miguel, um carro, cotas da Agropecuária Alagoas e pouco mais de
R$ 3 mil em espécie depositado em bancos. A remuneração de Renan, como
parlamentar, segundo dados do Portal da Transparência, é hoje de R$ 26,5 mil.
Incompatível.
Na crise em 2007, relatório do Conselho de Ética, com base nas declarações de
Imposto de Renda e laudos da Polícia Federal, atestava a incompatibilidade da
evolução patrimonial do senador e indícios de patrimônio descoberto. Esses
laudos subsidiaram a denúncia do Procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
ao Supremo Tribunal Federal, feita às vésperas de sua eleição para comandar o
Senador.
Renan
foi denunciado por peculato - desvio de dinheiro público, 2 a 12 anos de cadeia
-, falsidade ideológica - 1 a 5 anos - e uso de documento falso - 2 a 6 anos.
Gurgel
afirma que Renan apresentou ao Congresso notas frias e documentos falsificados
para justificar a origem dos recursos que o lobista Cláudio Gontijo, da
empreiteira Mendes Júnior, entregava, em dinheiro vivo, à jornalista Mônica
Veloso, mãe de uma filha do senador, como pagamento de pensão. A denúncia está
sendo analisada pelo ministro Ricardo Lewandowski, que não tem prazo para se
manifestar. Renan nega que tenha cometido os crimes apontados pela
Procuradoria-Geral da República.
'Homem da mala'.
As operações financeiras e contábeis da Tarumã desde a injeção de dinheiro em
espécie e sua imediata extinção leva a assinatura de Bruno Mendes, assessor
comissionado de Renan desde 2003 e que se notabilizou em 2007 por ter sido o
"homem da mala" que fazia o leva e traz de dinheiro de empreiteiras
que bancavam, a pedido de Renan, despesas de Mônica Veloso. Bruno Mendes também
não quis se pronunciar sobre a empreitada da Tarumã.
Quatro
especialistas em lavagem de dinheiro ouvidos pelo Estado - eles pediram para
não ter o nome publicado por se tratar de um caso ainda sem investigação formal
- consideraram a operação "suspeita".
Com informações do Estadão
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