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Alan Cordeiro. (FOTO | Acervo Pessoal). |
O 25 de março é uma data para que nós, representantes de entidades da sociedade civil e integrantes do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Ceará (Coepir/CE ) juntos a SEIR possamos refletir inclusive sobre esse dia. Que abolição foi essa? O Ceará não aboliu a escravidão por achar que escravizar fosse errado, mas sim, por questões econômicas, entre outras. Não é a data magna que nos orgulha, mas sim a resistência de Dragão do Mar, Preta tia Simoa e outros ancestrais que se ajuntaram, se organizaram contra o escravismo criminoso e pela dignidade do nosso povo.
Vamos
refletir que abolição é essa, em que estudos mostram que a cada 4 horas, uma
pessoa negra foi morta por intervenção policial no estado do Ceará, segundo estudos
da Rede de Observatórios!?
Relembro
uma canção do Lazzo Matumbi chamada 14 de maio, e trago trechos para que a
partir da letra possamos pensar o dia 26 de março na "Terra da Luz",
luz do sol quente que queima a pele daqueles e daquelas que por ausência de
políticas públicas estão nos sinais das grandes avenidas e ruas do estado, queimando
seus pés no asfalto quente para ganhar dinheiro.
_"No dia 26 de março, eu saí por aí
Não
tinha trabalho, nem casa, nem pra onde ir
Levando
a senzala na alma, subi a favela
Pensando
em um dia descer, mas eu nunca desci....
Zanzei
zonzo em todas as zonas da grande agonia
Um
dia com fome, no outro sem o que comer
Sem
nome, sem identidade, sem fotografia
O
mundo me olhava, mas ninguém queria me ver
No dia 26 de março, ninguém me deu bola
Eu
tive que ser bom de bola pra sobreviver
Nenhuma
lição, não havia lugar na escola
Pensaram
que poderiam me fazer perder
Mas
minha alma resiste, o meu corpo é de luta
Eu
sei o que é bom, e o que é bom também deve ser meu
A
coisa mais certa tem que ser a coisa mais justa
Eu
sou o que sou, pois agora eu sei quem sou eu "
____
* Alan Cordeiro é graduando em Pedagogia
(URCA), pesquisador na área de educação infantil para as relações
étnico-raciais e literatura infantil preta pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas
em Educação, Gênero e Relações Étnico-Raciais (NEGRER) e Idealizador e
Coordenador do Projeto EduCaErê, que tem como objetivo valorizar as tecnologias
ancestrais africanas e afrodiaspórica na emancipação e valorização da história
e cultura dos povos africanos e afrodescendentes na constituição de uma
identidade positiva para crianças negras.
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