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Manifestante ocupam ruas de São Paulo para protestar contra o aumento das passagens de ônibus |
Vou adotar para efeito de contexto, o
conceito de História aos moldes do Marxismo para me referir a um dos assuntos mais
propagados dos últimos dois dias, a saber, o aumento das tarifas de ônibus em
São Paulo. Nesse sentido, entendo a história como um processo de luta de classes,
uma história que só se faz através do antagonismo de duas forças em conflito,
ou não.
Ao buscarmos subsídios na própria historia, logo se percebe que esse conceito se fez presente em muitos casos. Em Roma, por exemplo, os detentores do poder se valiam de vários artifícios para combater seus inimigos que os chamavam de vândalos. No século V esse mesmo povo Vândalo, de origem germânica, por duas vezes invadiu e saqueou o poderoso e até então intocável Império Romano. Essa derrota humilhante não ficaria impune, afinal, se tratava de Roma. Desta feita, o imperador Justiniano I declara guerra aos Vândalos e escala para comandar o exército, de quinze mil homens, o general Belisário. Passados pouco mais de dois anos de grandes conflitos, o Reino Vândalo, situado no norte da África foi totalmente destruído e os romanos ocupam as principais cidades deste reino, no norte da África.
Chamo a atenção, então, para a
sentido empregado a palavra e conduta dos Vândalos que, nesse caso supracitado,
não se diferencia das ações de outros povos antigos, sejam cristãos ou não,
inclusive dos próprios romanos. Afinal de contas, na antiguidade, os conflitos
ocorriam para conquistar território e escravos. Quanto maior o império, maior a
demanda de escravos para defesa e sustentação do reino, e também para as
constantes frentes de batalha. Partido
dessa premissa a palavra "vândalo" se configurou como sinônimo de grupos
que praticava violência.
Ainda aqui, devo dizer que essa
conotação ainda hoje empregada é carregada de sentidos e significados, porque
os atos agressivos, as violências ocorridas no processo histórico tem sido a
história contada pelos vencedores, nunca pelos que foram vencidos. Uma história contada para servir os interesses
das classes dominantes. Os livros utilizados em sala de aula está repleto
dessas “historinhas”. Por isso que é
muito importante ter nas escolas um profissional formador de opinião e, não um
mero reprodutor e, ou transmissor de conteúdos.
Ora, se não vejamos. Recentemente
tenho acompanhado as manifestações democráticas contra o aumento da passagem, em
várias capitais brasileiras. Elas se configuram como um símbolo de luta entre
trabalhadores e capitalistas, ou seja, o que deixei transparecer ao iniciar
essa análise, a luta de classe. È, então, a essência do fenômeno, ou parafraseando,
Karl Marx, é o motor da história.
A justificativa dada pelos
governantes para o aumento das passagens de ônibus não corresponde à realidade.
É sabido que houve um ajuste. E de onde vem esse ajuste? O trabalhador já está
cansado de saber que as estratégias para tal são as mais descabidas possíveis.
Nesse caso, sai do seu bolso do trabalhador e da trabalhadora. E vai pra
onde? Sempre que há um ajuste, é
dinheiro que sai do bolso do trabalhador e vai pro bolso do dono da empresa de
ônibus, do capitalista. Assim, os passageiros acabam sentindo também no bolso o
que significa o aumento de cada centavo na passagem.
Partindo dessa premissa e, ainda
levando as considerações da conceituação de vândalo e da história contada para
servir aos interesses da classe dominante, pode-se dizer que assim como
outrora, é preciso fazer uma análise criteriosa para definir o que caracteriza
os vândalos do novo milênio que, agora usa, roupagem diferenciada e se camuflam
para denominar os que lutam por melhores transportes público de vândalos. Esses
grupos contam com o apoio e uma imprensa fajuta que ao reproduzi-lo se torna porta-voz
da ideologia dominante, denominando os milhares manifestantes que ocupam as
ruas contra o aumento de vândalos, de bárbaros.
Se ações dos manifestantes em alguns
momentos são vistas ou podem ser vistas como vandalismo, também o são e, de
caso pensado, vândalos quem se utiliza da força militar para reprimir com
veemência os trabalhadores e trabalhadores que num gesto de democracia lutam para
ter seus direitos garantidos.
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