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4 de outubro de 2025

Apesar da falta de apoio institucional integral das universidades, o 16º Artefatos da Cultura Negra foi uma das maiores edições, diz Lívia Nascimento

 

Lívia Nascimento. (FOTO | Acervo pessoal).

Por Nicolau Neto, editor

Entre os dias 20 e 27 de setembro o cariri viveu o maior e mais importante evento de pesquisa sobre a população negra do país. Foi uma semana recheada de atividades nas cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Brejo Santo envolvendo espaços como a Universidade Regional do Cariri (URCA), a Universidade Federal do Cariri (UFCA), o Instituto Federal do Ceara (IFCE), campus de Juazeiro, tendo a primeira instituição como sede nucleadora.

Construído por muitas mãos, a exemplo de grupos de pesquisas como o Negrer e o NEABI, e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB, University of Tennessee (Estados Unidos), University of the West Indies (Trinidad e Tobago), movimentos sociais como o GRUNEC, ALDEIAS Ponto de Cultura, de universidades malungas, Universidade Amílcar Cabral (Guiné Bissau), além da própria URCA, UFCA e IFCE, tendo como coordenadora geral a professora Drª Cícera Nunes, o evento chegou este ano a sua 16ª edição.

Como um programa permanente de extensão de caráter internacional e interdisciplinar que ganha o formato de Congresso, ele busca fortalecer e fomentar a produção dos conhecimentos nos temas relacionados aos estudos sobre a África, a afrodescendência e a educação para as relações étnico-raciais durante uma semana e nos três períodos dia a partir de oficinas, minicursos, exposições artísticas, mesa redonda, mostra de cinema, encontros formativos, apresentação de artigos científicos e publicação de livros, tudo em uma perspectiva afrocentrada e que envolve a troca de experiências entre profissionais da educação superior e da educação básica.

Novidade nesta edição

A grande novidade em relação às edições anteriores foi a realização 1ª mostra de boas práticas e recursos pedagógicos – leis nº. 10.639/03 e nº. 11.645/08 onde alguns profissionais da educação básica expuseram suas ações em sala de aula a respeito da educação para as relações étnico-raciais (ERER).

A mostra foi muito positiva e atendeu o objetivo proposto que era, segundo a professora Cícera Nunes, “entender como está a implementação da política nas redes do Cariri.” “Não está, infelizmente”, disse Cícera durante a roda de conversa entre os expositores e expositoras.

Todos aqueles e aquelas que expuseram seus trabalhos já integram direta ou indiretamente o núcleo do artefatos, o que só evidenciam a falta de cumprimento das redes estadual e municipais de ensino quanto as Leis 10.639 e 11.645.

O que diz Lívia Nascimento?

A advogada e ex-presidente do GRUNEC, Lívia Nascimento, conversou com o blog sobre essa edição do Artefatos.

O blog quis saber sobre sua avaliação, os avanços e os desafios e como estava a integração dos demais departamentos da URCA. Perguntou também sobre a participação das escolas da educação básica e o envolvimento ( ou a ausência) dos (as) secretários(as) municipais de educação.

Para Lívia, essa foi, “sem dúvidas uma das maiores edições!” Quanto ao envolvimento, ela destacou a participação das representações das universidades, tanto regionais quanto estrangeiras, dos movimentos sociais e do engajamento ativo dos profissionais do magistério da região e dos estudantes da educação básica, “o que abre caminhos para troca de experiências e enriquecimento das referências afrocentradas”, disse.

Lívia também destacou o evento vem se fortalecendo a cada edição, mas fez questão de comentar a ausência de apoio institucional das universidade que são sede do Artefatos. “Percebo que a cada ano o evento se fortalece e engrandece ainda mais, apesar da falta de apoio institucional integral das universidades que sediam o evento no Cariri”, disse ela ao blog.

Lívia também é educadora, mestra em Direitos Humanos e autora de “Justiça social afrodiaspórica.”

Durante a realização do Artefatos, foi entregue o título de  Doutoras Honoris Causa as irmãs Valéria e Verônica, uma das idealizadoras do GRUNEC.

Parceiros

O Artefatos conta com diversos parceiros, a exemplo do Terreiro das Pretas, da Casa da Memória de Porteiras,  da Rádio Livre Universitária, Nedesa, o Centro Cultural do Cariri (CCC), Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBNB), NEEHDREM, Instituto de Formação de Educadores da UFCA, os Neabis do IFCE Crato e Juazeiro do Norte, Pesquisadores Nacionais e Internacionais, do blog Negro Nicolau, dentre outros.

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