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3 de outubro de 2025

Luiza Mahin e Dandara dos Palmares são destacadas por pesquisadores da Unesp

 

(Fotos geradas a partir de comandos de IA).

Pesquisas recentes apresentadas na Universidade Estadual Paulista (Unesp) reacenderam o debate em torno de duas das figuras mais emblemáticas da luta contra a escravidão no Brasil: Luiza Mahin e Dandara dos Palmares. Ambas foram inscritas em 2019 no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, símbolo de reconhecimento oficial às personalidades que marcaram a história nacional.

No caso de Luiza Mahin, durante muito tempo pairaram dúvidas sobre sua existência. A narrativa mais difundida vinha de relatos de seu filho, o poeta e abolicionista Luís Gama, que a descrevia como uma africana livre, de origem nagô, envolvida nas revoltas da Bahia no século XIX. Porém, novas pesquisas encontraram registros documentais que a identificam como uma “cativa nagô” em Salvador. Essa descoberta não diminui, mas amplia o entendimento de sua trajetória, colocando-a como mulher escravizada que, ainda assim, exerceu papel ativo nas lutas negras de sua época.

Já Dandara dos Palmares, companheira de Zumbi e liderança no Quilombo dos Palmares, permanece envolta em debates. Diferentemente de Mahin, sua presença histórica não é documentada em registros oficiais da época. A memória de Dandara foi construída sobretudo por meio da tradição oral, da literatura e da militância negra, tornando-se referência de coragem e organização quilombola. Pesquisadores destacam que essa ausência de fontes escritas não apaga sua relevância: pelo contrário, mostra como a história oficial invisibilizou mulheres negras, mas também como elas sobreviveram na memória coletiva.

A historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto, especialista em trajetórias negras no Brasil, enfatiza que revisitar a história dessas mulheres é essencial para compreender não apenas o passado, mas também as disputas atuais em torno da memória, do reconhecimento e da representatividade. O pesquisador Flávio dos Santos Gomes, referência nos estudos sobre Palmares, também tem destacado como a presença de Dandara nos debates acadêmicos e culturais se tornou central para a valorização da resistência quilombola.

As novas interpretações reforçam que Luiza Mahin e Dandara representam muito mais do que personagens individuais: são símbolos da luta contra a escravidão, da construção de quilombos como espaços de liberdade e da resistência feminina negra no Brasil. Sua inscrição no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria é um marco de reconhecimento, mas as pesquisas atuais mostram que sua importância histórica vai além da oficialidade, atravessando séculos como exemplos de resistência e dignidade.

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Por Jaice Balduino, no Notícia Preta.

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