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Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução/ Facebook). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
Escuto o barulho do biscoito de polvilho sendo esmagado, enquanto olho a mesa cheia de papeis rabiscados, uma faca afiada que poderia cortar a língua e o coração parece me paquerar, uma calculadora que quase não uso, apesar de ter muitos cálculos para fazer, vários fios e carregadores que jamais poderão me ligar ou carregar. A garrafa branca já não tem café quente, tomei quase todo, o que sobra é frio e cheio de pó. Álcool apenas para as mãos, os pensamentos já estão embriagados.
Continuo
escrevendo, a mesa parece disputar com a narrativa ainda indefinida. O texto
está pronto, mais liquidificado nos pensamentos como um quebra-cabeça, mas
quebra-cabeça só pode montar a mesma imagem, pedaços de textos podem contar
várias histórias.
Mas
a mesa insiste em entrar na história. Apaguei parte do texto para disfarçar as
intenções, as entrelinhas muitas vezes fazem caminhos distantes ou distorcem as
leituras.
Escrevo com a câmera ligada e desconheço quem observa, talvez a escrita seja um pouco de espetáculo, preenchida de intervalos e encontros. Queria colocar todas as palavras que tatuam os desejos e os pensamentos, mas prefiro deixar a mesa desordenada do que deixar a verdade.
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