![]() |
Silvio Almeida. (FOTO/ Reprodução/ Roda Viva). |
Negar
a relação entre liberalismo e escravidão está no mesmo nível do terraplanismo e
das campanhas anti-vacina. A escravidão moderna, de cunho racial e atrelada ao
empreendimento colonial é, em grande medida, uma invenção dos liberais.
Há
uma farta literatura sobre como a base do pensamento liberal permitiu a
naturalização da violência colonial, a desumanização de não-europeus e a
destruição de formas de vida não compatíveis com a reprodução da sociedades
mercantis.
Locke,
Montesquieu, Hume, Adam Smith, Kant e Hegel defenderam ou justificaram o
colonialismo europeu e até o racismo. Por isso é importante conhecer estes
autores e entender como eles moldaram a cabeça mesmo daqueles que não os leram.
Kant
e Hegel, são exemplos interrssantes. Autores fundamentais do pensamento
ocidental, influências incontornáveis em tudo o que se escreve ou escreveu
sobre direito, política, economia e filosofia.
Kant,
em um texto chamado “Considerações sobre a natureza do belo e do sublime” em
que afirma concordar com David Hume quando este disse que “não se encontrou um
único [negro] sequer que apresentasse algo grandioso na arte ou na ciência, ou
em qualquer outra aptidão”.
Para
Kant, a diferença maior entre negros e brancos não estava nas “cores”, mas “na capacidade
mental das raças”.
Hegel,
em “Lições sobre a filosofia da história”, de 1831, afirma que “a África “é
terra que permaneceu fechada, sem laços com o resto do mundo” e “debruçada
sobre si mesma”, “sem história”, incapaz de ser conduzida à objetividade
firme”, do “Deus” (cristão) ou do “Direito”.
Há
bons livros sobre isso. O livro “Racismos”, de Francisco Bethencourt e
“Contra-história do liberalismo”, de Domenico Losurso são exemplos de livros
que, de maneira distinta, tratam do tema.
O
professor Júlio Cezar Vellozo e eu também gravamos um curso online chamado
“Direito civil e Escravidão” (porque liberal diz que gosta de direito
constitucional, mas gosta mesmo é de direito civil) mostrando como direito
civil e escravidão são duas pernas do mesmo corpo.
E
por fim, sobre o “mal entendido” que é o liberalismo brasileiro – essa mistura
lamentável de livre mercado, spencerismo e ódio do próprio país – já falou
Alfredo Bosi em “Dialética da Colonização”: é a defesa da liberdade de ter um
escravo para chamar de seu.
_________________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!