Um
filme sobre a Lava Jato está em produção, intitula-se Polícia Federal — A Lei É para Todos. A devastadora operação ainda
não terminou e já se cogita de sua louvação. Dirige um certo Marcelo Antunez,
da produtora New Group & Raconto, que costuma dispor de atores da Globo,
como se dá desta feita.
CartaCapital -
O veterano Ary Fontoura presta-se a interpretar o papel de Lula. Profissionais
tarimbados, cuidam de inteirar-se da personalidade dos retratados, sem exclusão
do timbre da voz e do gestual, e para tanto entram em contato com promotores e
policiais curitibanos, imagino bastante lisonjeados.
Houve
informações de que filmagens feitas durante a espetacular condução coercitiva
de Lula, absolutamente desnecessária já que o ex-presidente se prontificava a
apresentar-se, foram vazadas seletivamente. Veja, por exemplo, afirma ter tido
acesso às gravações, que incluiriam trechos da invasão da casa dos Lula da
Silva.
A
PF desmente ter cedido o material a quem quer que seja, embora admita ser
rotineiro este gênero de gravações: um dos agentes leva uma câmera digital acoplada
ao uniforme. Admitiu também ter instruído os atores com informações a respeito
de “fatos reais”.
A
Lei É para Todos estreia em maio próximo, quando o enredo da Lava Jato ainda
não terá chegado ao fim. A que se destina a obra? Que papel se atribui a Lula
ainda em julgamento baseado nas convicções do promotor Dallagnol, um dos heróis
da película? Fácil imaginar que o ex-presidente venha a ser o vilão, de sorte a
favorecer a convicção do pregador da guerra santa.
Estamos
diante de um absurdo total, um acinte jurídico, para se somar a tantos deslizes
e irregularidades cometidos na República de Curitiba. Cabe ao Supremo ser o
guardião da lei, mas como sempre se cala. A película que vem aí é mais uma
prova de que a lei não é para todos no país da casa-grande e da senzala.
Do
golpe à barbárie, permitida, quando não secundada pela Alta Corte, e, no caso,
pelo ministro da Justiça. A quem caberia, aliás, demitir o diretor da PF e o
delegado Moscardi logo após a desastrada Operação Carne Fraca.
O
cidadão que não percebe o que acontece merece a Idade Média. Ah, sim: e quem
financia o filme? Talvez os cofres públicos.
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Atores globais entre os personagens. |
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