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Estudantes da EEMTI Padre Luís Filgueiras durante evento que refletiu sobre a abolição da escravidão no Ceará. (FOTO | Professor Nicolau Neto). |
A exclusão educacional da população negra no Brasil é uma consequência direta da nossa história de colonização e escravidão. Durante os mais de 300 anos em que a escravidão vigorou no país, homens e mulheres negros eram impedidos de acessar a educação formal e tratados como mercadorias, com seus direitos humanos violados. Essa estrutura escravagista não apenas excluía os negros da educação formal, mas também negava seu conhecimento e cultura, reforçando uma narrativa de desvalorização da identidade africana.
Mesmo
após a Abolição da Escravatura, em 1888, a população negra continuou a
enfrentar barreiras significativas no acesso à educação. O Estado brasileiro,
ao contrário do que se viu em outros países que adotaram políticas de inclusão
pós-abolição, não implementou políticas públicas para integrar ex-escravizados
ao mercado de trabalho ou ao sistema educacional. Sem nenhuma assistência para
sua integração na sociedade, a maioria das famílias negras permaneceu em
condições de extrema pobreza, vivendo à margem da sociedade e fora dos espaços
de ensino. Essa omissão do Estado fez com que gerações de brasileiros negros
continuassem distantes da educação formal, perpetuando um ciclo de desigualdade
e pobreza.
A Discriminação e os Preconceitos no
Sistema Educacional
Nas
décadas seguintes, o racismo estrutural e a discriminação continuaram a afetar
o acesso de negros à educação. Até meados do século XX, políticas e práticas
discriminatórias, muitas vezes institucionais, excluíam as populações negras de
escolas de qualidade, limitando-as a instituições de ensino precárias e mal
equipadas. Além disso, a ausência de políticas educacionais voltadas para a
valorização da cultura afro-brasileira e africana reforçava a ideia de
inferioridade racial, que foi perpetuada nos materiais didáticos, no currículo
escolar e nas práticas pedagógicas.
Os
poucos que conseguiam avançar na educação enfrentavam também o apagamento
cultural nas salas de aula. Ao longo da história, o sistema educacional
brasileiro adotou uma narrativa eurocêntrica, ignorando as contribuições
africanas e afro-brasileiras. Essa lacuna fez com que gerações de estudantes,
tanto negros quanto brancos, fossem educados sem entender a verdadeira riqueza
e diversidade da cultura e da história afro-brasileira. Como resultado,
formou-se uma sociedade com pouca ou nenhuma compreensão das causas e consequências
das desigualdades raciais.
A Lei 10.639 como Instrumento de
Transformação Social
Promulgada
em 2003, a Lei 10.639 busca reverter séculos de exclusão educacional e
cultural, promovendo uma educação que valorize a contribuição da população
negra e afro-brasileira para a construção da sociedade. Ela reconhece a
importância de educar crianças e jovens sobre a História e Cultura
Afro-Brasileira, não apenas como um resgate histórico, mas como uma ferramenta
para construir uma nova geração de brasileiros conscientes e críticos.
A
lei não só visa corrigir as distorções históricas nos currículos, mas também
age como um antídoto contra o racismo estrutural. Diversos estudos indicam que
a educação antirracista tem um impacto positivo na autoestima e no desempenho
acadêmico de jovens negros, além de promover um ambiente escolar mais
inclusivo. Esse impacto é especialmente relevante quando consideramos que,
historicamente, a evasão escolar entre jovens negros é maior devido à falta de
identificação com o conteúdo escolar e às situações de preconceito que muitos
ainda enfrentam.
O
Papel da Escola de Comunicação Antirracista na Educação para a Igualdade
A
Escola de Comunicação Antirracista, iniciativa do Notícia Preta, surge como uma
extensão da proposta da Lei 10.639, oferecendo cursos que promovem a
conscientização sobre o racismo e capacitam profissionais para atuar com uma perspectiva
inclusiva e antirracista na comunicação. Ao fomentar a valorização das
narrativas afro-brasileiras e capacitar profissionais a questionar e
desconstruir estereótipos, a Escola de Comunicação Antirracista contribui para
que a educação inclusiva seja não apenas um tema de sala de aula, mas um compromisso
para toda a sociedade.
A
Lei 10.639 é mais do que uma diretriz curricular; é uma resposta histórica às
injustiças impostas à população negra no Brasil. Implementar essa lei é
essencial para garantir que a educação brasileira deixe de ser uma ferramenta
de exclusão e se transforme em um instrumento de inclusão e equidade. Ao dar
voz e espaço para a história e cultura afro-brasileiras, promovemos o respeito
e a valorização da diversidade, elementos essenciais para a construção de uma
sociedade mais justa.
Iniciativas
como a Escola de Comunicação Antirracista ampliam esse trabalho, mostrando que
a educação antirracista não se limita às escolas. Somente com o engajamento de
toda a sociedade poderemos romper o ciclo de exclusão e construir um futuro em
que a igualdade racial seja uma realidade.
Educação e Capacitação
Em
parceria com o Notícia Preta estão abertas as inscrições para o curso Coletivo
Online do Instituto Coca-Cola Brasil (ICCB). A iniciativa direcionada para
jovens de 16 a 25 anos que estejam cursando ou já tenham concluído o Ensino
Médio, é online, realizada pelo WhatsApp, e é 100% gratuito.
Ao
final das aulas, o aluno recebe um certificado e o acesso a vagas exclusivas em
mais de 400 empresas parceiras da iniciativa. Para saber mais detalhes e se
inscrever, basta acessar o link: https://bit.ly/ColetivoOnlineNoticiaPreta
____
Com informações do Notícia Preta.
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