Pages

27 de outubro de 2024

Escola Padre Luís Filgueiras promove formação antirracista para profissionais da educação

 

Professora Cícera Nunes ministra formação antirracista para profissionais da educação da EEMTI Padre Luís Filgueiras. (FOTO | Professor Rafael Ferreira).

Por Nicolau Neto, editor

Com a finalidade de ressignificar olhares e práticas pedagógicas no sentido de que os conteúdos levados as salas de aulas atendam a perspectiva da educação antirracista, a EEMTI Padre Luís Filgueiras, em Nova Olinda-CE, a partir da área de Ciências Humanas e por intermédio do professor Nicolau Neto, promoveu na manhã deste sábado, 26, uma formação direcionada a profissionais da educação.

Segundo Nicolau, a formação com esse foco é uma demanda urgente, visto que destaca temáticas muito caras para as populações negras e povos originários. Para ele, ainda não há o cumprimento das leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que alteraram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996 (LDB/96), que destacam a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo escolar da educação básica pública e privada em todos os componentes curriculares e durante todo o ano letivo.

Professor Nicolau Neto falando sobre os objetivo da formação e apresentando a professora Cícera Nunes. (FOTO | Professor Rafael Ferreira).

Nicolau destacou que só a lei não garante a efetividade das discussões nas escola, é preciso que se tenha formação para os profissionais da educação, “por isso”, disse, “contaremos hoje com a professora Cícera Nunes, do Departamento de Pedagogia da URCA, pesquisadora, ativista do movimento negro no cariri, doutora em educação, coordenadora do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação, Gênero e Relações Étnico-Raciais (NEGRER) e organizadora Geral do Congresso Internacional Artefatos da Cultura Negra”.

Cícera organizou sua fala em dois três eixos, a saber: a necessidade da institucionalização na questão antirracista; aspectos legais que dão sustentação ao trabalho direcionado a equidade racial e de gênero e exemplos de ações voltadas para a educação antirracista.

A necessidade da institucionalização na questão antirracista

Segundo ela, é inadmissível que a lei maior da educação (LDB/96) esteja sendo desrespeitada, chamando a atenção para o fato de que as instituições ainda não abraçaram a causa. “O cumprimento das leis que alteraram a LDB começa dentro das salas das direções de cada escola”, disse e já destacando que só assim para termos um corpo docente comprometido com a valorização dos saberes negro e dos povos originários em todas as áreas do conhecimento.

Nesse sentido, é importante destacar os números trazidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2021. No levantamento, foi demonstrado que apenas 329 de todas as secretarias municipais de educação no Brasil possuem projetos voltados para a educação de povos indígenas, o que equivale a apenas 6%. Já em relação a quilombolas, 551 secretarias de educação, ou 10% do total afirmaram ter projetos. “Nesse sentido”, afirmou ela, é preciso que entendamos a nossa história e sabermos que não há Brasil sem os povos africanos e sem os povos originários. “Nós estamos sentados em um quilombo”, asseverou.


Profissionais da educação da EEMTI Padre Luís Filgueiras em formação antirracista. (FOTO | Professor Rafael Ferreira).

Aspectos legais que dão sustentação ao trabalho direcionado a equidade racial e de gênero

Cícera trouxe para a conversa as legislações que mesmo passados tanto tempo continuam sendo desrespeitadas. Os documentos elencados foram o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD); Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana; As leis 10.639/2003 e 11.6452008, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), além das leis internas na escola, como o Regimento Interno e Projeto Político Pedagógico (PPP).

Segundo ela, é essencial e urgente que os regimentos internos e os PPPs sejam atualizados com as temáticas. “Mas não basta só isso, é preciso dizer como vai fazer para implementar a discussão antirracista”, comentou.

Ações voltadas para a educação antirracista

Por fim, ela exibiu um vídeo destacando que a educação institucionalizada tem muito a aprender com os movimentos sociais, sobretudo os movimentos negros, pois foram eles que destacaram que não tem como pensar IDEB sem pensar e sem refletir sobre o racismo. Os números saltam aos olhos, pois ele (o racismo) que o desenvolvimento de crianças e jovens negros (as) e indígenas.

A professora Cícera destacou diversas ações e práticas pedagógicas voltadas para a educação das relações étnico-raciais que podem ser norte para as escolas, a exemplo do próprio NEGRER que desenvolve reuniões todas as sextas-feiras na URCA, reunindo professoras(es) e universitárias(os). Ela demonstrou algumas ações desenvolvidas pelo grupo, como, por exemplo, as plataformas online (perfil no instagram e um site). Neste último, há uma biblioteca virtual com vários livros, teses e dissertações sobre as temáticas análise; Outra ação elencada por ela foi o Grupo de Estudo e Pesquisa em História Afrodiaspórica (GEPAFRO), vinculado ao curso de História da URCA e que tem a professora Telvira e o professor Túlio como organizadores. E elencou ainda o blog Negro Nicolau, uma mídia antirracista que traz discussões (muitas delas fruto das ações em sala de aula) sobre a importância da educação para a diversidade. O blog é do professor Nicolau e tem sido fonte de pesquisas de monografias e dissertações de mestrado.

Durante a fala da professora Cícera Nunes, várias intervenções foram feitas pelos professores Nicolau Neto, Marcos Ramos, Adriana Nunes, Alysson Santos e também pela coordenadora pedagógica, Samara Macêdo e, pela diretora, Cida Matos.  

3 comentários:

Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!