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(FOTO |Montagem por Dora Lia/Alma Preta com obras de Eduardo Lima e foto de arquivo pessoal). |
Natural do sertão de Capim Grosso, centro-norte da Bahia, Eduardo Lima resolveu se demitir do emprego para apostar no sonho de ser pintor até que viu a sua vida ser transformada pela arte.
Com
obras que retratam as cores e a estética nordestina, o artista plástico já
conta com pinturas espalhadas por mais de 25 países e agora celebra a sua
chegada no maior museu de arte do mundo: o Museu do Louvre, em Paris, capital
da França, onde também estão famosos quadros como “A Mona Lisa”, a escultura
grega “Vênus de Milo” e a “Grande esfinge de Tanis”.
Com
mais de 110 mil seguidores no Instagram, o pintor baiano compartilha as suas
produções e história de vida. Na sexta-feira (20), ele divulgou um vídeo em que
aparece emocionado ao ver seus quadros exibidos no Louvre, onde participa de
uma exposição que reúne obras de artistas de diferentes nacionalidades.
Representando
a Bahia, Lima apresenta o quadro “Falando ao Coração” e “Ouvindo ao Coração”,
obra que retrata brincadeiras infantis e lúdicas, como o “telefone sem fio”. À
Alma Preta, o artista plástico conta que se emocionou ao relembrar da sua
trajetória.
“Quando eu pisei no Louvre esse filme voltou
tudo na minha cabeça: da minha primeira tela, de quando eu pedi conta [do
trabalho como frentista], das dificuldades que eu tive, das negatividades que
apareciam na minha frente. Passou um filme na minha cabeça e eu não aguentei.
Foi emoção total”, conta.
Como
homem preto e nordestino, o pintor diz que enfrentou dificuldades no início da
carreira. “Um dos motivos que fez com que
eu saísse do posto para tentar carreira como artista foi o fato de ser preto e,
de certa forma, sentir diminuído e isso eu coloquei como meta na minha vida,
que eu sou mais do que isso e que eu tenho mais gás do que as pessoas imaginam”,
relembra.
História na arte
Autodidata,
foi aos oito anos de idade que Lima passou a se interessar pela arte. Filho de
uma cozinheira e um oleiro, ele acompanhava o trabalho do pai e ficou encantado
ao ver o barro se transformar em esculturas, tijolos e telhas.
Na
escola, as aulas de arte o ajudaram a aperfeiçoar e dar forma ao seu gosto pelo
desenho e pela pintura. “Enquanto meus
amigos e amigas estavam brincando de bola, de peão, eu gostava mesmo era de
desenhar”, pontua.
Somente
aos 20 anos, quando trabalhava como frentista, Lima resolveu pintar a sua
primeira tela. Tímido, resolveu não divulgar o seu trabalho, mas foi a esposa e
uma das suas grandes incentivadoras, Cida Lima, que o ajudou e colocou uma de
suas obras na pequena loja que ela tinha e com pouco tempo ele passou a se
tornar conhecido na região.
Após
sair do emprego em que estava há quase uma década, o pintor pegou o dinheiro
que recebeu e comprou um carro para vender seus quadros e participar de
exposições e feiras de arte pela Bahia. Atualmente ele e a família vivem na
cidade de Barreiras, no extremo oeste baiano, onde o artista tem o próprio
ateliê.
Arte como transformação
Cores
vibrantes e elementos que remetem à cultura do sertão, as obras de Lima
retratam o cotidiano e a leveza do povo nordestino.
Além
de pintar quadros com representação de importantes nomes do Nordeste, como o
cantor Gilberto Gil, e os cangaceiros Lampião e Maria Bonita, o artista também
já recriou pinturas clássicas, como os quadros “Abaporu”, de Tarsila do Amaral;
“A noite estrelada”, de Vincent van Gogh; o quadro “O grito”, de Edvard Munch,
entre outros.
Segundo
o artista plástico, a ideia de colocar a estética nordestina e com cores mais
vivas nas obras teve como objetivo aproximar e tornar acessível a pintura para
o público infantil.
“A ideia inicial era quebrar esse impacto
visual porque eu já ouvi pessoas falarem que o fato da obra ser muito escura
causava uma certa barreira, algumas pessoas falavam que não visitavam o museu.
Ouvindo isso, eu pensei em trazer para a minha temática e assim eu consigo ter
o acesso mais fácil para as crianças”, explica.
Eduardo
Lima também realiza ações sociais em escolas, onde fala sobre a importância da
arte, especialmente para os jovens nordestinos.
“Tudo o que eu quero é que a minha história
sirva de exemplo de que é possível viver de arte, é possível se sobressair
fazendo o que é certo. Se você fizer o que é certo, certamente você vai colher
flores lá na frente. O importante é que esses jovens estejam inseridos em
contexto artístico. A arte transforma vidas e ela mudou a minha vida”,
avalia.
As
obras do pintor também estão disponíveis de forma virtual e em diferentes
formatos, como em canecas, cadernos, sandálias e camisetas. Para o futuro, Lima
planeja produzir murais por todo o Brasil.
“Eu quero espalhar essas obras pelo Brasil e,
quem sabe, pelo mundo e quero assinalar: ‘Eduardo Lima, menino preto, garoto do
sertão, que chegou aqui’.”
______
Com informações do Alma Preta.
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