![]() |
Maria Raiane. (FOTO | Arquivo Pessoal). |
Por Maria Raiane, Colunista
Dia
da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, deveria
ser uma data de reflexão profunda e denúncia das inúmeras injustiças e
opressões que mulheres negras enfrentam diariamente. Entretanto, infelizmente,
a realidade é que esta data muitas vezes é negligenciada e esquecida pela
maioria da sociedade. A invisibilidade e o silenciamento que recaem sobre as
mulheres negras são uma prova concreta do racismo estrutural, do machismo
enraizado em nossas sociedades entre outras violências existentes.
É
imperativo que, neste dia, deixemos de lado os discursos vazios e simbólicos
para enfrentarmos a verdadeira essência da problemática que envolve as mulheres
negras. Afinal, como podemos celebrar uma data que deveria ser de
conscientização e denúncia, enquanto essas mulheres continuam sendo as
principais vítimas da violência, da pobreza, do desemprego e do acesso limitado
à educação e aos cuidados de saúde?
As
violências que afetam as mulheres de maneira geral é ainda mais perversa para
as mulheres negras, que são frequentemente oprimidas. E o que vemos é uma
sociedade que persiste em ignorar suas vozes, necessidades e demandas. A mídia
e a indústria do entretenimento são cúmplices nessa perpetuação, reproduzindo
estereótipos e preconceitos que apenas reforçam a desigualdade.
Os
dados são alarmantes e deveriam ser razão suficiente para que este dia fosse
levado a sério por todos. O alto índice de mortalidade materna entre mulheres
negras, a violência policial que as atinge de forma desproporcional, a sub-representação
no poder político e a falta de oportunidades no mercado de trabalho são apenas
alguns exemplos de uma realidade cruel que merece ser confrontada.
Neste
Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, não basta apenas criar
hashtags e compartilhar mensagens bonitas nas redes sociais. É hora de uma ação
concreta e efetiva para combater o racismo, o sexismo e outras violações
arraigados em nossa sociedade. É hora de ouvir as mulheres negras e valorizar
suas vivências e lutas.
Em
vez de usarmos este dia como mero enfeite em nossos calendários, que ele seja
um lembrete constante de que temos uma dívida histórica a ser paga. É um
momento de autoavaliação para compreendermos nosso papel nessa estrutura
injusta e nos comprometermos a desconstruí-la em todas as suas manifestações.
Portanto, não se trata apenas de um dia de celebração, mas principalmente de um dia de denúncia e de reconhecimento das violências e desigualdades que as mulheres negras enfrentam. Enquanto essa realidade persistir, a celebração deste dia será uma afronta à justiça e à igualdade, tornando-se mais uma demonstração da falta de empatia e comprometimento de nossa sociedade em combater as opressões sistêmicas que afetam as mulheres negras e, consequentemente, toda a sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!