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(FOTO |Pedro Borges/Alma Preta). |
“A presença do movimento negro é fundamental
nesses espaços como a COP27 para negociar e exigir que seja colocado em
centralidade na mesa o debate sobre o racismo”. É o que destaca o professor
e historiador Douglas Belchior, fundador da Uneafro e integrante da Coalizão
Negra por Direitos.
Presente
na 27° Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(COP27), Douglas ressalta que o movimento negro quer estar nas articulações
ambientais e sociais realizadas na conferência climática. “Você anda pelos
corredores de negociação e a maioria das pessoas, inclusive da sociedade civil
mundial, são brancas. Homens brancos estão decidindo nosso futuro, ou melhor, o
futuro deles no planeta. Viemos mais uma vez exigir isso, queremos estar na
mesa de negociação com o nosso povo”.
A
liderança, que atualmente integra a equipe de transição do governo Lula, foi
presença atuante durante os painéis propostos pelo estande da sociedade civil
na COP27, o Brazil Climate Action Hub. Ele foi um interlocutor do encontro do
movimento negro e quilombola com a deputada federal eleita Marina Silva (Rede),
também integrante do governo de transição de Lula.
Conforme
noticiado em matéria anterior da Alma Preta Jornalismo, a necessidade de
titulação das terras quilombolas foi um dos pontos principais afirmados durante
o encontro com Marina Silva.
Ao
longo da COP, Douglas Belchior também esteve em discussões e painel sobre o
combate ao racismo ambiental e sobre os desafios da população negra frente à emergência
climática no Brasil.
“O racismo ambiental é um termo utilizado
para se referir ao processo de discriminação que populações periféricas ou
compostas de minorias étnicas sofrem através da degradação ambiental. A
expressão denuncia que a distribuição dos impactos ambientais não se dá de
forma igual entre a população, sendo a parcela marginalizada e historicamente
invisibilizada a mais afetada pela poluição e degradação ambiental”,
explica o historiador.
Segundo
o professor e ativista, problemas ambientais no campo, nas florestas e nas
cidades foram enfrentados pelo povo negro ao longo dos últimos quatro anos com
o governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
“As cidades sofreram com enchentes,
territórios quilombolas e indígenas não foram titulados e demarcados. Houve
morte no campo, falta de comida e mais de 33 milhões de pessoas em situação de
fome extrema. Também houve falta de consulta e participação do movimento negro
nos espaços”, elenca Belchior.
De
acordo com Douglas, os últimos quatro anos foram marcados pelo desmonte da
política pública de meio ambiente e clima. Conforme matéria anterior da Alma
Preta Jornalismo, órgãos como o Incra foram desmontados por meio de baixos
investimentos. Além disso, houve o afrouxamento de regras para a proteção das
florestas e para a punição de crimes ambientais.
“Bolsonaro
declarou diversas vezes que quilombolas são pesados em arrobas, atacou
populações indígenas. O governo bolsonaro foi um pesadelo para as comunidades
tradicionais e periferias do Brasil, o povo negro e indígena nos territórios.
Foram quatro anos de terror e aumento das mortes de ambientalistas e defensores
da floresta”, comenta o ativista.
Na última quinta-feira (17), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve reunido com organizações da sociedade civil na COP27. O historiador Douglas foi o representante da Coalizão Negra por Direitos convidado a se pronunciar sobre as demandas do movimento negro para o próximo governo.
Para
a ocasião, o movimento negro escreveu uma carta com mais de 250 assinaturas
endereçada ao novo governo. De acordo com Douglas, o documento coloca que a
Coalizão Negra Por Direitos e organizações parceiras reafirmam a importância do
Brasil na UNFCCC (Convenção do Clima da ONU) e a posição do novo governo pela
aprovação das metas e objetivos globais de financiamento para adaptação
climática e para compensar as perdas e danos nesse contexto.
A
carta também reforça a importância da retomada dos espaços de conselhos e
participação da sociedade civil em questões relacionadas ao meio ambiente. “A
expectativa para o próximo governo Lula é que sejamos parte da reconstrução.
Que haja recursos para adaptação, que os territórios quilombolas sejam
demarcados para acabarmos com o atraso de anos de descaso, que os conselhos e
espaços de tomada de decisão tenham paridade e que estejamos nos centro das
discussões”, finaliza Douglas Belchior.
__________
Com informações do Alma Preta.
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