![]() |
Professor Henrique Cunha Junior na biblioteca do Sesc São Carlos | Foto: Danny Abensur |
Por Henrique Cunha Junior*
As
ministras e os ministros devem ser pessoas que conheçam o campo técnico dos
seus ministérios. Porque causas importantes são resolvidas nesses ministérios e
os ministros estrelas dos palcos desconhecem esses enredos. Patrimônios
culturais são parte dos direitos populacionais. Ter uma ministra ou ministro
que não sabe o que é isto prejudica o reconhecimento das comunidades de
quilombos, o acesso a terra quilombola e a fixação de políticas públicas
quilombolas. A casa quilombola tem sido resolvida de forma insatisfatória pois
não é tratada devidamente pelo ministério da cultura e dificulta as ações no
bom encaminhamento.
A
presença das populações negras na cultura brasileira e as diretrizes
curriculares de todos os níveis da educação brasileira dependem de uma ação
conjunta entre o Ministério da Cultura e da Educação. Trata-se também de um
problema técnico que os especialistas sabem tratar os artistas nem sempre sabem
tratar.
O
combate ao eurocentrismo na cultura brasileira deveria ser uma das pautas ministros
no sentido de prover a cultura brasileira de elementos culturais que eliminem a
dependência cultural com a Europa e o predomínio das ideologias europeias na
nossa formação. Essa política tem dois pontos importantes, um é da valorização
do pensamento nacional e das pensadoras e pensadores brasileiros. O outro é do
combate ao racismo antinegro, pois a estrutura do racismo é parte da cultura
eurocêntrica.
A
produção de museus, de bibliotecas, centros culturais, nas periferias, as formas de produção da
cultura como lazer das populações deve fazer parte da pauta que o ministério da
cultura tem que dar conta para melhoria das condições de vida da população
brasileira. São pautas que são de fundamental importância paras as populações
de bairros negros e que precisamos de ministros que conheçam esse universo.
Ministro não é dar shows e fazer apenas falas bonitas, é para tratar de
questões orçamentárias e políticas que viabilizem esses feitos necessários.
As
políticas de produção artísticas e editoriais, ir alem dos repasses de verbas
para os grupos estabelecidas e ter um ministério da cultura que resolva os
problemas das políticas culturais nacional é um urgência. Eu fique muito triste
quando o grande artista Gil foi para o ministério, porque sendo um ídolo não
foi criticado, mas a operação do ministério em políticas culturais foi mínima.
Pouquíssimas
causas baianas forma realizadas, sendo que o restante do Brasil não se viu
representado. Portanto cargo de ministra e ministro não é para amador e nem
apenas para personalidades, mas para pessoas com formação técnica e cultural
sobre os problemas da cultura nacional.
Precisamos
de uma ministra da cultura do conhecimento de Narcimaria Luz da Bahia, de Leda Martins em Minas Gerais, de Zelia Amador
no Para, Helena Theodoro no Rio de Janeiro, pessoas que são dos movimentos
sociais e conhecem a problemática da cultura nacional e dentro dela da cultura
negra.
_________
Henrique Cunha Junior é professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Possui mestrado em Dea de Historia - Université de Nancy- França (1981) e Doutorado Em Engenharia Elétrica pelo Instituto Politécnico de Lorraine (1983) e orienta doutoramentos e mestrados em Educação com temas relacionados a história e cultura africana, espaço urbano, bairros negros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!