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(FOTO | Reprodução). |
É colunista, pedagogo e
artista-educador*
Teve
que partir. Tomou água, sentiu dor na barriga, olhou pela janela, viu um abismo
e uma rosa vermelha como se estivesse de braços abertos. Mordeu os lábios com
força, quase que bebeu do seu sangue. Seus olhos um bocado de brilho de
lembranças.
As
malas ainda não estavam prontas e o desejo de partir desarrumado. Tinha que
sair assim mesmo, sem vontade. Parece que colocaram agulhas nas horas e a cada
segundo uma sessão de tortura se iniciava. O tempo, na hora da dor, é mais
demorado, até parece que é para sempre. Como os finais de histórias previsíveis
que contam para as crianças.
Ainda
não acreditava na sua partida, achava que era pesadelo e logo acordaria. Na
agenda, deixou anotado um testamento, onde dividia o que não era possível
empacotar, nem sentir com as mãos. Por falar em mãos, as suas estavam
deliciosamente sujas de chocolate. O Testamento ficou literalmente
achocolatado.
Belchior cantando, o vento soprando a cabeça, os filmes passando, o movimento. A pipoca foi se espalhando pelo chão para enganar os caminhos, enquanto a sede aumentava.
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