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Alexandre Lucas. (FOTO |Acervo pessoal). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
Vá
se lascar! Essas foram suas últimas palavras, bateu forte o portão e entrou
movida pela ira do momento. As esperanças parecem que se findaram naquele
instante. Todos os momentos carregados do era para sempre se despedaçaram, se
lascaram mesmo.
Depois
daquele dia não fez mais bolo de cenoura com cobertura de chocolate, uma
delícia para apaixonar os corações mais amargos. O café de fim de tarde aos
sábados, os curtos passeios de bicicleta e as pinturas das subjetividades da
vida com têmpera sobre papel foram encaixotadas para as profundezas do vá se
lascar.
O
tempo passou e o vá se lascar ganhava mais sentido, a respiração recebia o
contorno de tranquilidade e o ar parecia pintado de liberdade com as cores mais
fortes. Tudo indicava que foi libertador, aquela ação intempestiva.
Como
todas as cartas de amor são ridículas, com atesta Campos, de Pessoa, vá se
lascar, são como todas as cartas de amor.
Nos dias mais cinzentos, em que o coração pede socorro e a saudade bate, a vagareza se instala, é possível notar a roseira encarnada e ponteada de espinhos, os olhos se fazem cacimba e ela sempre esquece do vá se lascar.
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