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(FOTO/ Getty Images). |
O historiador e jornalista afro-americano Carter Godwin Woodson revelou, em 1933, o espectro racista na educação das pessoas negras, preparadas para serem subimissas e sem consciência racial. Teorias que ganharam força e respaldo, inclusive, no Brasil.
Nascido
em 1875 e filho de pessoas escravizadas, Carter cursou as universidades
americanas de Chicago, Harvard e Sorbonne (em Paris, França), ainda nas duas
primeiras décadas do século 19. Em 1933
lançou o livro "The MIS-Education of
the Negro", resultado de 40 anos de estudos sobre o sistema de
educação do povo negro nos EUA no período pós-abolição, que tinha como objetivo
a doutrinação e o controle social.
A
obra também traz as ideias de Carter para romper esse ciclo opressão e
submissão. Resistir à doutrinação, buscar o conhecimento e a auto-educação com
base na cultura e ancestralidade. “O
caminho é estudar por conta própria e fazer o nosso caminho. São poucas as
escolas que têm no plano pedagógico a história dos negros e dos indígenas
brasileiros. A nossa história sempre foi negada. Existem grupos que tentam
impedir e desqualificar essa experiência”, diz o professor Carlos Machado,
autor do livro “Gênios da Humanidade - Ciência, Tecnologia e Inovação Africana
e Afrodescendente.
O
rapper Emicida é o autor do prefácio da edição "A (des)educação do negro", lançado em 2021 pela Editora
Edipro. O artista ressalta a importância global de Carter. “Continua bastante atual e pode oferecer
soluções valiosas para que o amanhã não seja só um ontem, com um novo nome”,
escreveu o músico.
Nos
Estadois Unidos existiam universidades historicamente negras, desde o final da
escravidão. Eram espaços segregados onde a comunidade se desenvolveu na
ideologia do “separados porém iguais”,
que durou até os anos 50 e tem resquícios até hoje.
“No Brasil, houve pouquíssimas políticas para
a escolarização dos negros. Isso causou danos terríveis até hoje. A maioria dos
analfabetos e analfabetos funcionais são negros e estão na base da sociedade”,
pontua o professor Machado.
Segundo
Machado, que fez o prefácio de uma edição brasileira anterior do livro de
Woodson, o autor foi fundamental ao mostrar que a educação dos negros era, na
verdade, um condicionamento para que a população negra se torne dependentes e
procure lugares inferiores na sociedade. “Ele
desafia os seus leitores a se tornarem autodidatas e fazerem por si próprios,
independentemente do que lhes foi ensinado”, detalha.
O
livro de Woodson foi também uma inspiração estética para o álbum da cantora
negra Lauryn Hill, na sua estreia em carreira solo, no ano de 1998. A artista
ganhou cinco Grammys, de dez indicações para o álbum "The Miseducation of Lauryn Hill", além de melhor álbum de
R&B na premiação da Billboard Music Awards.
Com informações do Alma Preta.
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