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(FOTO/ Evaristo SA/ AFP). |
O petista Fernando Haddad criticou os decretos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que facilitam o acesso a armas e munições no país em meio à escalada da pandemia do novo coronavírus.
“As
vacinas são as únicas armas que o governo deveria liberar. Errou rude”, disse
no Twitter.
Além
de tornar mais simples a aquisição de armamentos, as novas normas alteraram o
limite de armas de fogo de uso permitido, que um cidadão pode acumular, de quatro
para seis.
Também
nas redes sociais, deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) chamou atenção para
mostrar como Bolsonaro está armando os chamados CACs (colecionadores,
atiradores esportivos e caçadores), grupo que reúne aproximadamente 400 mil
pessoas em território nacional.
De
acordo com o parlamentar, metade desse nicho é formada por atiradores
esportivos. Freixo lembrou que, em 2019, o presidente já havia ampliado de 16 para 60 a quantidade de armas
que a categoria pode comprar com a autorização do Exército.
Com
os novos decretos, ele lembra que Bolsonaro retirou a necessidade dessa
autorização, desde que o número não passe de 60. Para o deputado, existe o
risco de um golpe em curso visando as eleições de 2022.
“O
objetivo principal do presidente é armar seus apoiadores fanáticos e colocar a
democracia na mira”, ressaltou.
Ainda
de acordo com Marcelo Freixo, a medida pode beneficiar o crime organizado.
"Essa ampliação exponencial de armas e munições em circulação associada à
destruição dos mecanismos de fiscalização e rastreamento favorecerá desvios e
dificultará investigações policiais, beneficiando o crime organizado: milícias
e traficantes de armas e drogas".
Novos decretos: mais armas, menos
controle
Na
sexta-feira (12), às vésperas do Carnaval, o presidente da República publicou
quatro decretos que, na prática, anularam os decretos anteriores, desde 2019.
Além
do aumento de limite de quatro para seis o número de armas de fogo que podem
ser adquiridas por qualquer cidadão comum, um dos decretos também aumenta a
quantidade para oito no caso de integrantes do Ministério Público e tribunais,
agentes prisionais e policiais.
Para
isso, no entanto, é preciso atender os requisitos legais para a obtenção do
Certificado de Registro de Arma de Fogo.
Já o segundo decreto passa a permitir o chamado porte simultâneo, ou seja, cada cidadão poderá circular com até duas armas ao mesmo tempo na rua.
Entre
outras facilidades, o governo também não exigirá mais a comprovação de aptidão
psicológica por um profissional cadastrado na Polícia Federal. Com a mudança,
qualquer psicólogo com registro no Conselho Regional de Psicologia pode assinar
o laudo.
No
caso dos CACs, o limite para munições saltou para até cinco vezes mais. Pela
regra anterior, caçadores, atiradores e colecionadores poderiam comprar até mil
munições por ano para cada arma. Agora são cinco mil no total.
Além
disso, a quantidade de cartuchos nas armas de uso restrito foi ampliada para
até dois mil e o limite de insumos para recarga chega a cinco mil cartuchos nas
de uso permitido.
Outro
ponto, que também consta no novo decreto, é que o Exército ainda pode autorizar
atiradores e caçadores a ultrapassar esses limites entre duas e cinco vezes
mais, dependendo da categoria.
Ao
todo, colecionadores poderão agora acumular cinco armas de cada modelo,
caçadores 15 unidades e atiradores 30 para cada modelo, seja de uso comum ou
restrito.
Marca da gestão
A
flexibilização para o acesso a armas e munições se tornou uma marca da gestão
Bolsonaro.
Vale
lembrar que na reunião ministerial de 22
abril de 2020, o presidente declarou o sesejo de armar a população brasileira.
“Eu
quero todo mundo armado. Que povo armado jamais será escravizado”, disse à
época.
Em
junho de 2019, Bolsonaro revogou decretos de armas rejeitados pelo Senado, mas
editou dois novos. Na época, o fato foi interpretado como uma manobra do
governo para excluir pontos polêmicos dos decreto anteriores -- rejeitados pelo
Senado Federal com placar de 47 a 28 votos -- e assim obter aprovação do
Legislativo à flexibilização do porte de armas.
Justificativa Oficial
Em
nota sobre a publicação das quatro novas normativas, o Palácio do Planalto justificou
as mudanças.
"Percebe-se,
assim, que o pacote de alterações dos decretos de armas compreende um conjunto
de medidas que, em última análise, visam materializar o direito que as pessoas
autorizadas pela lei têm à aquisição e ao porte de armas de fogo e ao exercício
da atividade de colecionador, atirador e caçador, nos espaços e limites
permitidos pela lei", diz o texto.
O
Planalto também argumentou que os decretos têm a função de tornar as regras
mais claras e adequadas, além de garantir direitos individuais da população.
"(...)
reduzir a discricionariedade de autoridades públicas na concessão de posse e
porte de armas; ampliar as garantias de contraditório e ampla defesa dos
administrados; e adequar o número de armas, munições e recargas ao quantitativo
necessário ao exercício dos direitos individuais e ao cumprimento da missão
institucional das categorias autorizadas a terem posse e porte de armas pela
lei", acrescenta a nota.
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