![]() |
'Virus do individualismo' é o mais difícil de derrotar. (FOTO/ CC.O Wikimedia Commons). |
O Papa Francisco retoma temas sociais e reflete sobre um mundo atormentado pela pandemia do novo coronavírus em sua nova encíclica, divulgada neste domingo (4). Com o título Fratelli tutti (Todos irmãos), o pontífice pede o fim “do dogma neoliberal” e defende que a fraternidade seja praticada “com atos e não apenas com palavras”.
Nesta,
que é sua terceira carta ao mundo católico em seus sete anos e meio de
pontificado, Francisco afirma que o neoliberalismo é um “pensamento pobre, repetitivo, que propõe sempre as mesmas receitas
diante de qualquer desafio que se apresente”. Em seguida, acrescenta que “a especulação financeira com o lucro fácil,
como objetivo fundamental, continua provocando estragos”, e propõe à
reflexão: “o vírus do individualismo
radical é o vírus mais difícil de derrotar”.
No
documento, Francisco repete o pedido já feito em suas viagens por parte do
mundo. “É possível aceitar o desafio de sonhar e pensar em outra humanidade. É
possível ansiar por um planeta que garanta terra, abrigo e trabalho para todos.
Vinícius e periferias
Em
outro trecho, em que fala de como diferentes faces da sociedade devem buscar a
convivência e o respeito mútuos, o papa cita um trecho de “Samba da Benção”, do poeta e compositor brasileiro Vinicius de
Moraes (1913-1980): “A vida é a arte do
encontro, embora haja tanto desencontro na vida”, escreveu.
O
texto da Carta incentiva a construção planetária de uma verdadeira cultura do
encontro, em que todos podem aprender algo e na qual ninguém é inútil, “que supere as dialéticas que colocam um
contra o outro”, afirma o religioso. “Isto
implica incluir as periferias. Quem vive nelas tem outro ponto de vista, vê
aspetos da realidade que não se descobrem a partir dos centros de poder onde se
tomam as decisões mais determinantes.”
Relações
Francisco
também reivindica o direito de todo ser humano viver “com dignidade e
desenvolver-se plenamente” e recorda que a pandemia evidenciou a incapacidade
dos dirigentes de atuar em conjunto em um mundo falsamente globalizado.
“A fragilidade dos sistemas mundiais diante
das pandemias evidenciou que nem tudo se resolve com a liberdade de mercado”,
completa.
Em
sua encíclica mais social, depois de reiterar sua oposição à “cultura dos muros”, Francisco pede uma
nova ética nas relações internacionais. “Uma
sociedade fraternal será aquela que conseguir promover a educação para o
diálogo com o objetivo de derrotar o ‘vírus do individualismo radical’ e
permitir que todos deem o melhor de si mesmos”.
“O mundo de hoje é principalmente um mundo
surdo”, conclui o pontífice, que também pede uma reforma estrutural das
Nações Unidas.
O documento, de 84 páginas, pode ser lido na íntegra aqui.
_____________________________________
Com informações da RBA, CartaCapital e Estadão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!