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Bolsonaro ergue cloroquina para apoiadores. (FOTO/ Reprodução/ Facebook). |
Diante das críticas pela decisão de abortar a compra de 46 milhões de doses da vacina desenvolvida na China e produzida pelo Instituto Butantan, Jair Bolsonaro voltou a reafirmar sua autoridade em público com a frase "o presidente sou eu". Depois completou com " não abro mão da minha autoridade". Aquilo que parece uma demonstração de força, contudo, revela baixa autoconfiança e medo de voltar a ser tratado como o que sempre foi, um deputado estridente e com baixa produtividade.
Quando
um presidente eleito com dezenas de milhões de votos chega ao ponto de ter que
dizer uma obviedade como essa em público, é porque não crê na legitimidade que
as urnas lhe conferiram e, portanto, precisa reforçar essa percepção. Teme que
as pessoas não o vejam como tal, mas como uma farsa que está em lugar errado.
Desde
que começou a crise trazida pela pandemia de coronavírus, ele tem, repetidas
vezes, dito que é ele quem manda. "O presidente sou eu, pô. O presidente
sou eu. Os ministros seguem as minhas determinações", afirmou Bolsonaro,
por exemplo, no dia 26 de março, em frente ao Palácio do Alvorada.
Respondia
a um questionamento sobre a declaração de seu vice, general Hamilton Mourão, de
que o governo continuava com posição única, defendendo o "isolamento e
distanciamento social" para combater a infecção.
Em coletiva à imprensa, realizada no dia 18 de março, claramente ressentido pelo fato da mídia elogiar o trabalho do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e não o dele, afirmou: "se o time está ganhando, vamos fazer Justiça, vamos elogiar o seu técnico - e o seu técnico chama-se Jair Bolsonaro".
Essa
constrangedora necessidade de autoafirmação em público não está conectada
apenas à pandemia. Nos atritos entre ele e o então ministro da Justiça, Sergio
Moro, por conta das trocas no comando da Polícia Federal, afirmou, no dia 18 de
agosto do ano passado: "quem manda sou eu, vou deixar bem claro".
"Eu tenho poder de veto, ou vou ser um
presidente banana agora?", questionou, demonstrando uma insegurança
incomum para um presidente da República. Ninguém o havia acusado de ser um
presidente-banana, foi ele quem trouxe a figura à tona, expondo o que ele acha
que as pessoas pensam dele e, portanto, seus traumas e medos.
Sempre
que criticado, Bolsonaro usa essa declaração como se precisasse justificar o
lugar que ocupa. Mesmo considerando que há um processo paranoico, através do
qual ele toma decisões contraproducentes e que acabam causando problemas ao
país, se tivesse certeza de que é visto como alguém tecnicamente e
politicamente qualificado para a tarefa, não a repetiria.
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Publicado originalmente em seu Blog. Clique aqui e leia a íntegra.
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