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Imagem capturada do vídeo no YouTube. |
Por Nicolau Neto, editor-chefe
O Brasil ultrapassou deste sábado, 08 de agosto para hoje, domingo (09), a marca histórica e estarrecedora de 100 mil mortes pelo novo coronavirus (a Covid-19).
São
dados chocantes, mas que infelizmente ainda não consegue chocar e sensibilizar
quem mais deveria e poderia fazer algo para diminuir essas perdas.
Vidas
humanas que se foram, mas que poderia, grande parte delas, ter sido evitada se
tivesse tido por parte do governo federal um compromisso desde o início em
propor medidas efetivas de combate a pandemia e principalmente se não tivesse
ido contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) ao causar
aglomeração, não usar máscara em certas ocasiões e adotado um comportamento
infantil de tentar a todo custo desmerecer aquelas adotadas por estados e
municípios.
Em
meio à maior crise sanitária e de saúde pública do século XXI, o presidente se
deu ao luxo de perder dois ministros da saúde com formação na área simplesmente
pelo fato de terem tentado seguir o que manda a ciência. O Brasil chega hoje
mesmo com todos esses dados e especialistas afirmam que estão subestimados, o
que leva a crer que poderia ser 150 mil mortes ou mais, a quase três meses sem
titular no ministério da saúde.
Duas
trocas de ministros, minimização da pandemia, ataque a veículos de comunicação
que realizam a cobertura da pandemia e nenhuma, nenhuma medidas ou plano
efetivo de combate foi apresentado até agora.
O
presidente da República, aliás, continua a desdenhar das vidas perdidas, das
famílias dessas vítimas. Não bastou afirmar que era “só um gripezinha” ou que
“não era coveiro”. Agora, com mais de 100 mil mortes, ele diz que é necessário
“tocar a vida.”
É
necessário destacar e ao mesmo tempo reiterar que a Covid-19 atinge a todos.
Mas atinge mais a uns do que a outros em virtude de uma desigualdade social
histórica no pais. Desses mais de 100 mil mortos, a maioria é negro/a. É
impossível, portanto, dissociar a pandemia do racismo e das desigualdades dele
resultante.
A
pandemia escancarou mais ainda não só a incapacidade de Bolsonaro em governar o
pais, mas também os impactos gritantes da pandemia com a população e
especificamente com a população negra e indígena que são as mais afetadas.
A Coalizão
Negra por Direitos que agrega mais de 100 entidade de movimentos negros
pressionou para que o Ministério da Saúde e as secretarias de saúde dos estados
divulgasse os dados levando em consideração a cor e o gênero. Não se pode
simplesmente dizer 100 mil. Mas em um país como o Brasil que se formou as
custas da escravidão e permanece se sustentando as custas das desigualdades e
do racismo, é preciso perguntar quem são essas 100 mil vidas perdidas.
Os
dados que chegaram demonstram que a cada três negros/as hospitalizados/as por
Covid-19, um/a morre. Já entre brancos esse número chega a uma morte por cada
4,4 internação. Segundo informações da Articulação dos Povos Indígenas do
Brasil (Apib), os números de casos de coronavírus nas comunidades somam
atualmente 23.339 pessoas contaminadas, com 651 mortes e 148 povos afetados
pela doença.
Negros
e negras, além de indígenas são os mais atingidos pela pandemia em virtude do
racismo estrutural da sociedade brasileira que faz com que eles/as tenham pouca
ou quase nenhuma acessibilidade à saúde pública, um direito constitucional.
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