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Nilma Lino Gomes fala sobre coronavirus e desigualdades raciais. (FOTO/ Reprodução/ Vídeo). |
A
pedido do Sindicato dos Professores de Universidades Federais de Belo Horizonte
(APUBH), Nilma Lino Gomes, professora titular emérita da Faculdade de Educação
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), gravou vídeo em que explica a
relação entre a pandemia do novo coronavirus (a Covid -19) e as desigualdades
raciais.
A
questão do coronavirus como sendo universal foi o primeiro ponto a ser
discutido. “Se pensarmos em sua
capacidade de expansão e de contaminação, isso de fato é verdade”, diz ela. Já a Covid-19 como democrática,
não. “Eu discordo disso. Primeiro lugar
por que nenhuma doença é democrática e segundo porque ela atinge pessoas e
pobres diferentes de acordo com suas desigualdades já existentes no Brasil e no
mundo”, destacou ela.
Ainda
em que pese as desigualdades raciais, a professora cita trecho do livro “Faces das Desigualdades no Brasil. Um olhar sobre os que ficam para trás, coordenado
pela Tereza Campelo:
“Negros e negras representam mais da metade da população brasileira em termos numéricos. São reconhecidos nos altos níveis de exclusão de acessos de direitos que a população negra historicamente é submetida. A perversidade da desigualdade que mais marca a cisão da sociedade brasileira é expressa em um dado gigantesco dos pobres. Mais de 70% são negros”.
Nilma
explica que se entre os pobres mais de 70% são negros, a pandemia do
coronavirus que vai afetar drasticamente a pobreza, ela afetará e já está
afetando drasticamente a população negra. “E onde é que raça e a pandemia do
coronavirus se encontram no sentido no sentido de nos dá uma reflexão?”, indaga
ela. Nilma destaca vários aspectos:
1 –
O Racismo estrutural da sociedade brasileira produz uma série de desigualdades
estruturais e dentre estas estão as desigualdades raciais;
2 – A
população negra tem um acesso limitado a saúde pública e nesse momento mais
ainda;
3 –
Esses 70% de pobres negros são moradores de ruas, assalariados, desempregados,
trabalhadoras domésticas, povos das comunidades quilombolas, povos das
comunidades de terreiros e esses grupos não têm o mesmo acesso em termos de
direitos e a saúde pública que outros as sociedade brasileira;
“Então
nesse sentido”, diz Nilma, "vai afetar drasticamente a população negra”.
Um
outro aspecto é que a maioria das pessoas que vivem em vilas e favelas, é
composta de negros e negras. “E pessoas que vivem em vilas, favelas e
periferias são aquelas que muitas vezes não têm uma moradia digna. São aquelas
que muitas vezes não têm as condições de sobrevivência garantidas”, disse.
Ainda
segundo a professora, “isso significa que
o isolamento social que todos nós falamos, que as autoridades solicitam, ele
não será o mesmo para as pessoas pobres, paras pessoas negras e pobres das
vilas e favela. O isolamento social acaba sendo um privilégio de classe e de
raça também”.
Outro
aspecto levantado por ela foi em relação a equipe de saúde que é composta, a
maioria, por mulheres e mulheres negras. Essas equipes são as que têm acesso
mais direto aos doentes, fazendo que elas sofram e se contaminem muito mais do
que outros profissionais da saúde.
Os equipamentos
de proteção individual, a hipertensão, dentre outros pontos foram destacadados
por Nilma, que já exerceu o cargo de ministra-chefe da Secretaria de Políticas
de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
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