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Comunidades quilombolas registram primeiros casos de coronavirus. (FOTO/ Reprodução/ Alma Preta). |
As
comunidades quilombolas confirmaram os primeiros casos de Covid-19, o novo
coronavírus, nesta terça-feira (14). Os dados, divulgados pela Coordenação
Nacional de Articulação das Comunidades Rurais Quilombolas (Conaq), apontam
casos nos estados da Bahia e do Rio de Janeiro.
Na
Comunidade Mata do Milho, na cidade de Canarana (BA), uma jovem de 24 anos foi
diagnosticada com o vírus. Ela esteve há pouco tempo em São Paulo, epicentro da
pandemia no país, para o enterro de um familiar. Quando retornou ao quilombo,
passou a sentir sintomas da doença e segue em tratamento e quarentena.
Na
cidade de Armação dos Búzios, região dos lagos no RJ, no Quilombo Rasa (RJ), um
homem de 26 anos foi diagnosticado com Covid-19. Apesar de não ser quilombola,
ele morava na comunidade. Todos os que tiveram contato com ele estão em
quarentena e houve uma visita de uma equipe de saúde para orientar a
comunidade, segundo informações da Conaq.
As
orientações para as comunidades quilombolas, dadas pela própria Conaq, é a de
manutenção das práticas de higiene, com o cuidado na limpeza das mãos com água,
sabão e, se possível, álcool em gel, além da manutenção do isolamento social
evitando a circulação para as áreas urbanas e o toque pessoal, em especial com
os sujeitos mais velhos. A organização também pede para a continuidade da
suspensão dos rituais religiosos.
Em
entrevista recente ao Alma Preta, as comunidades quilombolas relataram a
escassez do acesso à saúde, fator que gera preocupação diante da pandemia. “Com
o Covid-19, cadê o álcool em gel? Cadê as máscaras gratuitas? Se depender do
governo, iremos morrer”, disse Manuel dos Santos, do quilombo Mumbaça, em
Traipu (AL).
Na
ocasião, a afirmação foi uma resposta ao posicionamento do ministro da Saúde,
Luiz Henrique Mandetta, no dia 18 de março, que, ao lado de outros ministros e
do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou, em entrevista coletiva,
que o Sistema Único de Saúde (SUS) estava presente em todo território nacional,
inclusive nos quilombolas.
Para
exemplificar a ausência do SUS em alguns territórios, Manuel dos Santos
sinalizou que dos quatro quilombos certificados e reconhecidos no município de
Traipu, em apenas dois existem postos de saúde e em apenas um há agente de
saúde. A infraestrutura, disse ele, é inadequada para dar conta dos cuidados de
todas as comunidades. “Pessoas já chegaram a morrer por falta de ambulância
para socorrer”, recordou.
Governo
Questionado
pela reportagem, o Ministério da Saúde não retornou sobre a existência dos
casos nos territórios quilombolas. Já a Fundação Cultural Palmares, órgão
responsável pela certificação do autorreconhecimento das comunidades
quilombolas, também foi questionada sobre eventual suporte aos quilombos, mas
não retorno até o fechamento desta reportagem.
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Com
informações do Alma Preta.
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