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Marcha das Margaridas 2019. (FOTO/Nelzilane Oliveira). |
A
cidade de Brasília foi palco de mais um ato de rua, este conhecido desde o ano
2000 por trabalhadores/as rurais de todo país. No dia 14 de agosto foi
realizada a 6ª edição da Marcha das Margaridas. O ato acontece em homenagem ao
símbolo de resistência, a liderança sindical paraibana Margarida Alves que foi
assassinada no ano de 1983 a mando de latifundiários.
O
evento é organizado pela CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Agricultura), Federações e Sindicatos. Cada canto do país teve sua
participação, outro momento importante foi a realização da 1ª Marcha das
Mulheres Indígenas realizada no dia 13.
A
ACB participa mais um ano da Marcha das Margaridas em Brasília – DF, estando em
sua 6ª edição. A jornada iniciou-se no último domingo dia 11/08, na saída à
delegação do Crato com toda sua animação se somou no ônibus vindo de Missão
Velha. Foram duas representantes da ACB, Maria Tereza (Conselho Fiscal – ACB) e
Nelzilane Oliveira (Coordenação Colegiada e Comunicadora Popular – ACB).
No
dia 13 no pavilhão do Parque da Cidade de Brasília, local onde as Margaridas de
todo país ficaram alojadas, aconteceram no período da tarde oficinas e
palestras. No final da tarde foi montada a Feira de Saberes e Sabores, Maria
Tereza participou deste espaço e nos relata um pouco de sua participação. “A participação da feira de saberes e sabores
foi muito importante é um momento de trocas, conhecimentos e aprendizado. Além
dos contatos e divulgação. Eu só tenho que agradecer a Deus e a ACB a
oportunidade”, diz ela.
Na
noite do dia 13 foi realizada a abertura oficial da marcha, momento de muita
alegria. Durante o dia mesmo com todo cansaço das delegações que chegavam das
mais remotas regiões do país, foi um verdadeiro festejo. O encontro e
reencontro de mulheres que participaram de outras edições da marcha, que se
conhecem de outros espaços de luta.
Uma
de nossas representantes da ACB, Maria Tereza participa da marcha para ela é
sempre um momento de muita emoção. Sobre sua participação nos diz “é segunda marcha que participei e como
sempre um momento de muita emoção alegria e esperança, diante de tantas
dificuldades e retrocessos, voltamos renovadas na certeza de um dever cumprido.
A Marcha das Margaridas é momento de união e fortalecimento, mulheres lutando
por seus direitos, liberdade e pelo fim de toda opressão”, concluí.
A
saída no dia da marcha foi outro momento de muita organização e animação, a
delegação do Ceará teve seu destaque no meio da multidão. Com seus chapéus e
bandeiras, seus bandeirões que foram confeccionados de forma coletiva, ecoaram
seus gritos por todo percurso. Uma caminhada longa, pacífica, mulheres de todas
as idades e todas as cores.
A
presidenta do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) do
Crato Celiane Davi Bispo, a marcha foi de grande relevância. Celiane é a
primeira mulher eleita presidenta do STTR – Crato nós últimos 50 anos do
sindicato. Há alguns anos ela não
participa da marcha, com esse cenário de retrocessos e ameaça de perca direitos
sua participação neste espaço foi reafirmar a luta. “A nossa marcha foi de grande sucesso, eu representando todas as
trabalhadoras e trabalhadores rurais do município do Crato. Mais uma marcha de
grande importância, para nós mulheres trabalhadoras rurais e homens
trabalhadores rurais que produz produtos de qualidade para alimentar toda a
população do campo e da cidade do Brasil e do mundo. Estou agradecida por mais
marcha e pela importância e a resistência das mulheres por ser a 6ª marcha e
teve tanta representatividade de todas as classes de mulheres trabalhadoras
rurais e urbanas. Aqui do Crato tivemos o privilégio de levar 43 mulheres e
homens, entre trabalhadoras/res rurais e urbanas, parceiras, isso é de grande
importância e fortalece cada vez mais o movimento sindical, o movimento social
e popular que acredita num brasil diferente num novo Brasil com soberania
popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência. ”.
Ela
completa, agradecendo e falando que a marcha não é apenas das mulheres. “Essa
marcha não luta só pelas mulheres, mas sim por todas as classes, pelas
crianças, e idosos. Porque quando as políticas públicas chegam até nossas
cidades e nossos estados, não chega só para as mulheres, mas também é para toda
sociedade. Quero agradecer a todos e todas pela participação, conseguimos levar
muito além da nossa meta e isso graças à parceria e todos e todas que acreditaram.
Foi uma grande Marcha das Margaridas! ”, conclui.
Na
delegação contamos com a participação da jovem Amanda de Souza, ela participou
como pesquisadora inclusive a marcha foi parte de sua pesquisa em seu Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC). “Participei
da Marcha porque faço pesquisa sobre movimentos sociais e foi tema do meu
trabalho de conclusão de curso. Acompanhei com um olhar de pesquisadora. A luta
por direitos é fundamental para o meio rural. O sindicalismo rural e o
movimento feminista são imprescindíveis para a realização do evento. Foi a
primeira vez que participei. Diante desse novo governo neoliberal, acredito que
essa edição não terá tanta eficácia como as outras. Mas fiquei feliz e
realizada por saber que a luta não parou mesmo com tantas dificuldades.
Participei da Comissão de Jovens do STTR JARDIM-CE, foi lá que tive o primeiro
contato com o movimento sindical rural e conheci a Marcha das Margaridas.
Fiquei encantada e resolvi introduzir o tema no Grupo de Pesquisa Gênero,
Geração e Direito da FAP junto com a minha professora Priscila Ribeiro da
disciplina de Sociologia, em 2015”, conclui.
A
marcha atendeu a expectativa de Luzia do Nascimento Souza (50 anos),
agricultora do sítio Correntinho da cidade do Crato e vice-secretária do STTR –
Crato. Para ela o momento foi de grande importância “Para nós mulheres foi momento de reivindicarmos nossos direitos, por
igualdade. Estamos vendo nossos direitos serem deixados de lado, são muitas
perdas que ultimamente estamos vendo acontecer”, afirma ela.
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Publicado
originalmente no portal da ACBCrato.
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