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Moro no Senado. (FOTO/Reprodução/CartaCapital). |
Senadores
lotaram a Comissão da Constituição e Justiça (CCJ) para ouvir os
esclarecimentos do ministro Sérgio Moro, nesta quarta-feira 19, sobre o
vazamento de conversas do ex-juiz da Operação Lava Jato com o procurador Deltan
Dallagnol. Por 30 minutos, Moro apresentou sua defesa, não sob a condição de
investigado, mas de ministro que se colocou à disposição espontânea a prestar
esclarecimentos. Todos os 81 parlamentares da Casa receberam o direito a fazer
perguntas.
O
discurso do ex-juiz iniciou com elogios à Lava Jato e às investigações de
pagamento de propinas a autoridades públicas e dirigentes da Petrobras. Em
seguida, apresentou dados para reforçar a tese de que não houve conluio entre
ele e a força-tarefa. Moro citou que, de 90 denúncias apresentadas pelo
Ministério Público, 45 ações foram sentenciadas e 44 foram recorridas. Também
argumentou que, de 291 acusados, houve 211 condenações e 63 absolvições, e de
248 pedidos de prisões cautelares, o número de deferimentos se limitou a 207.
Aproveitou para exaltar os resultados da operação, com a devolução de 2,7
bilhões de reais à petroleira.
A
etapa seguinte foi narrar as invasões de hackers em seu aparelho telefônico.
Segundo Moro, há dois meses ele recebeu a informação de que celulares de
procuradores foram alvo de ataques. No dia 4 de junho, por volta da 18h,
testemunhou o ato criminoso em seu próprio telefone: foram três ligações de um
número clonado, seguidas de uma mensagem por escrito, que perguntava se ele entrou
no Telegram. O ministro alega que não entra no aplicativo desde 2017. A partir
do episódio, Moro afirma ter entregue o celular à polícia. Em sua opinião, a
ação foi orquestrada por um grupo criminoso que também violou telefones de
jornalistas, parlamentares e demais autoridades.
A
fase posterior do discurso foi deslegitimar a conduta do site que noticiou o
vazamento das mensagens, The Intercept Brasil. Ele conta que foi “surpreendido”
com a divulgação pelo portal e classificou a ação como ‘sensacionalista’. Moro
também reclamou por não ter sido consultado pelos jornalistas do The Intercept
Brasil antes da publicação, e que não reconhece a justificativa dada pelo
editorial da agência.
Diálogos
são “absolutamente corriqueiros”
Sobre
o conteúdo vazado, o ministro afirmou a possibilidade de ter dito trechos
noticiados, mas duvidou da veracidade do material. “Tem coisas que
eventualmente possa ter dito. Outras causam estranheza. Mas essas mensagens
podem ter sido total ou parcialmente adulteradas.” O ex-juiz também alegou que
os diálogos que leu são “absolutamente corriqueiros” e comuns na tradição
jurídica brasileira. Citou, ainda, que sua tese ganhou coro com artigos do
ex-ministro Carlos Veloso e da ex-juíza Denise Frossard, em artigos de jornais
nos últimos dias.
Moro
salientou ainda que era alvo por estar à frente da operação: “Fui sempre,
constantemente, vítima de ataques”. Segundo sua teoria, o objetivo dos
invasores hackers seria invalidar condenações ou criar obstáculos nos processos
em andamento. “Fui surpreendido com o nível de vilania e de baixeza pelos
responsáveis”, disse.
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Com informações de CartaCapital.
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