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Filme “Marighella” vai estrear no Brasil no Dia da Consciência Negra. (FOTO/Reprodução/Pipoca Moderna). |
O
filme “Marighella”, dirigido por Wagner Moura, finalmente marcou sua data de
estreia no Brasil: 20 de novembro, quando se comemora o Dia da Consciência
Negra.
A
data foi inicialmente revelada no Twitter pelo cineasta Kleber Mendonça Filho
(“Aquarius”), que acompanhou uma sessão de “Marighella” no Festival de Sydney,
na Austrália, e posteriormente confirmada pela distribuidora do longa, a Paris
Filmes.
Na
Austrália, onde acompanha a exibição do longa e participa como jurado do
festival, Moura chegou a dizer que a distribuidora não tinha coragem de marcar
a estreia.
“Eu
estava preparado para que o filme dividisse a população e para as críticas, mas
não esperava que a distribuidora não tivesse coragem de lançá-lo”, disse ao
jornal australiano Daily Telegraph.
A
obra é uma cinebiografia do escritor e guerrilheiro Carlos Marighella, morto em
1969 pela ditadura militar. Considerado herói pela esquerda e terrorista pela
direita – lider da ALN, o grupo mais sanguinário da época, à exceção do próprio
Estado – , o personagem é polêmico.
Na
época da exibição do filme no Festival de Berlim, em fevereiro, o longa recebeu
críticas do presidente Jair Bolsonaro e foi alvo de trolls da internet, que o
atacaram em sites de cinema americanos, embora o filme ainda permaneça inédito
em circuito comercial.
Para
aumentar a controvérsia, o cantor Seu Jorge foi escalado no papel-título, fato
que deverá ganhar ainda mais repercussão graças à escolha da data de
lançamento.
Já
havia discussões, antes da definição da estreia no Dia da Consciência Negra,
sobre a escalação de um artista negro para interpretar Marighella. O político
baiano era “mulato” claro, como ensinavam as antigas aulas de geografia da
época da ditadura, ou “pardo”, como prefere a polícia e o IBGE, filho de um
italiano branco.
Mas,
além de comunista, Marighella surge retinto na ficção. Seria, portanto, caso
pensado para aumentar a polarização em torno do filme. Polarização que a data
de estreia deve radicalizar ainda mais.
Em
artigo publicado em fevereiro pelo jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, o
professor Paulo Cruz, que é negro, antecipou-se à questão. “A caracterização de Carlos Marighella como
preto – aqui uso a definição do IBGE, que divide negros em pretos e pardos (ou
mestiços) –, convidando o cantor Seu Jorge para o papel, foi um truque para
tornar o elemento racial, de menor influência na vida e luta de Marighella, um
diferencial – falso, diga-se. O problema é que, diante de uma figura
notoriamente controversa, nem todos os negros podem querer ver sua cor
associada a tal personagem”, ele escreveu.
“Por que as entidades do movimento negro não
emitiram nem sequer uma nota sobre o caso flagrante de falsificação e caracterização
de um terrorista como preto – quando a reclamação é quase sempre essa, de que
pretos só fazem papel de bandidos? Certamente porque concordam com sua
ideologia e seus atos terroristas, chamando-os de ‘luta pela democracia e
justiça social’ – informação desmentida, inclusive, por ex-guerrilheiros como
os políticos Eduardo Jorge e Fernando Gabeira”, concluiu Cruz.
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Com informações
do Pipoca Moderna.
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